Ensaio “Um olhar passageiro”, de Fabiano Gozzo
A Estação Brás do Metrô de São Paulo pode ser medida apenas com superlativos. Inaugurada em 1979, a estação é ainda passagem obrigatória para mais de um milhão de usuários diários que vêm dos mais de 30 municípios vizinhos à capital paulista. A Estação Brás é o tema do ensaio fotográfico “Um olhar passageiro” da edição nº 25 Revista e-metropolis no qual Fabiano Gozzo se pergunta o que um usuário vê ao olhar a sua volta? Ao se aquietar e observar, há algo a vislumbrar de dentro da estação? Se o passageiro parar sua corrida por um instante, o que irá ver olhando a partir do estômago da grande baleia?
UM OLHAR PASSAGEIRO
Fabiano Gozzo
A Estação Brás do Metrô de São Paulo pode ser medida apenas com superlativos. Segundo a administração do Metrô de São Paulo, são 23.350m2 de área construída, atendendo nos horários de pico 60 mil passageiros por hora. Sua inauguração aconteceu em 10/03/1979 e faz a ligação dos bairros da Zona Leste de São Paulo, a mais populosa, ao Centro da cidade e aos demais bairros via malha metroviária.
Além de ligar a casa do paulistano ao trabalho, ainda é passagem obrigatória para mais de um milhão de usuários diários que vêm dos mais de 30 municípios vizinhos à capital paulista.
De lá, as multidões embarcam para longas jornadas de trem ou Metrô, para seus afazeres cotidianos, para o trabalho, para o lazer, para os terminais rodoviários, para fazer integração com as dezenas de linhas de ônibus municipais e intermunicipais que fazem da Estação Brás o seu ponto final.
A região do Brás foi predominantemente industrial até o começo dos anos 1970, quando as poucas casas e vilas de operários começaram a ter vizinhos morando em novas casas, alguns prédios de apartamentos passaram a fazer companhia para os escritórios e, mais recentemente, com os galpões cedendo espaço para mais moradias verticais e até parques, num processo de reocupação e reurbanização da região central de São Paulo. Antes reduto de imigrantes italianos, e durante décadas abrigo para migrantes nordestinos, hoje o Brás recebe povos andinos, como os bolivianos.
Este ensaio visa acompanhar a poética urbana partindo do ponto de vista de quem vem de fora: o choque em ver tantas pessoas, muros altos, gigantescas colunas de concreto, galpões e telhados cinzentos, a cidade emoldurada por prédios enormes, as indústrias que ainda sobrevivem, os trens de carga e passageiros, que seguem seu percurso todos os dias do ano, sem exceção, o brilho reluzente do aço prateado dos vagões de passageiros, as cores e logotipos das empresas de logística, o labirinto de cimento e ferro com piso de borracha pastilhada, produzida preta e agora acinzentada após os anos de uso.
Ao olhar a sua volta, o que um usuário vê? Ao se aquietar e observar, há algo a vislumbrar de dentro da Estação Brás? Se o passageiro parar sua corrida por um instante, o que irá ver olhando a partir do estômago da grande baleia?
E agora, após a colocação de barreiras de flandres nas laterais das vias suspensas, ainda é possível ver algo além do frio metal?
Por fora, a pintura vermelha e branca disfarça a rudeza das vias, mas preserva a privacidade dos prédios que foram construídos décadas após a chegada do Metrô. O morador quer ter sua janela fechada para os olhos dos usuários, e para isso, impede que, de dentro, o passageiro possa enxergar a cidade, os prédios, a luz do sol e o horizonte cada dia mais distante.
A Estação Brás do Metrô de São Paulo abre suas portas às 4:40h e encerra suas atividades à meia-noite durante a semana, às 0:30 aos domingos e à 1:00h aos sábados.
Acesse a edição nº 25 da Revista e-metropolis e veja o ensaio completo.
Publicado em Notícias | Última modificação em 21-07-2016 20:40:59