Skip to main content

Imagem de satélite da Macrometrópole Paulista

Este artigo da Revista Cadernos Metrópole nº 40 propõe uma discussão ampla sobre a constituição da macrometrópole paulista, apresentando a partir da perspectiva demográfica uma contribuição analítica para essa nova forma urbana — especialmente sob a ótica da mobilidade espacial da população que ocorre no âmbito dessa nova base territorial. O artigo integra o dossiê “Dinâmicas de metropolização e de diferenciações regionais no Brasil”.

O artigo “Um olhar demográfico sobre a constituição da macrometrópole paulista: fluxos populacionais, integração e complementaridade”, de autoria de Késia Anastacio Alves da Silva, José Marcos Pinto da Cunha e Guilherme Margarido Ortega, é um dos destaques da edição nº 40 da Revista Cadernos Metrópole.

EDIÇÃO 40

ABSTRACT

The objective of this study is to analyze the formation of new urban morphologies from the demographic perspective, which approaches not only the formation of vectors of population expansion, but also, and mainly, population flows, either motivated by a change of residence or caused by the development of daily activities. This article also aims to contribute to the debate about the constitution of a new urban form, the São Paulo Macrometropolis, which still lacks better and broader discussions and theoretical and empirical delimitations. To put it in a nutshell, the aim is to show that this new urban form has a clear counterpart in the process of spatial redistribution and population mobility.

 

INTRODUÇÃO

As pesquisas voltadas para a compreensão do processo de metropolização e constituição das metrópoles no Brasil são inúmeras, bem como são realizadas sob a ótica de diferentes campos do saber, já que entender a formação das metrópoles em sua totalidade constitui um grande desafio. Contudo, tais estudos ajudam a compreender, não somente os condicionantes do processo de metropolização, mas sobretudo suas consequências segundo várias dimensões, tais como: econômica, social, política e demográfica. É exatamente sobre esta última dimensão que o presente artigo se debruça.

No final do século XX, observou-se que algumas metrópoles passaram a apresentar mudanças em sua morfologia. Agora, elas são caracterizadas não apenas pela concentração, ou seja, não possuem mais uma forma compacta, mas são estereotipadas por uma desmedida extensão territorial, dispersão e fragmentação da mancha urbana, além de aglutinarem municípios de diversos tamanhos e funcionalidades e outras aglomerações urbanas.

Essa constatação leva à reflexão sobre a validade de noções tradicionais (como de centro-periferia, desconcentração, entre outras) que até então eram utilizadas e que pareciam refletir a forma como se estruturavam grandes aglomerações e assentamentos humanos observados. Destaca-se que as profundas alterações na estrutura metropolitana do período fordista não ocorreram apenas nas metrópoles brasileiras, mas foram observadas em outras metrópoles ao redor do mundo.

Tal fato levou diversos autores a criarem novas nomenclaturas para a morfologia urbana que estava emergindo, tais como: cidade-região (Scott, 2001), cidade global (Sassen, 2001), exópole (Soja, 1994), cidade difusa (Indovina, 1990), edgecity (Garreau, 1991), Metápole (Ascher, 1998) entre outros. Pode-se dizer que no bojo dessa discussão surge o debate em torno da chamada “macrometrópole paulista”, territorialização proposta pela Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A.). Muito embora essa questão já havia sido prenunciada por Souza (1978, apud Santos, 2005) no final dos anos 1970, não há dúvidas de que apenas mais recentemente o tema tenha ganho preeminência e passe a ser motivo de estudos.

De fato, o fenômeno que se observa na atualidade precisa de mais estudos e compreensão para apreender, não apenas sua dimensão territorial, mas também como será sua evolução. Porém, parece não haver dúvidas de que o que se observa hoje ainda é um prenúncio ou início desse processo que, portanto, precisa ser melhor compreendido e conceituado. Essa questão se coloca como um grande desafio (e também oportunidade) para todos os gestores e planejadores, como também para os estudiosos do tema.

Assim, embora este artigo não tenha a pretensão de realizar uma discussão ampla sobre a constituição de macrometrópole, já que isso envolveria inúmeras dimensões como as apontadas pela Emplasa (2012), ele se apresenta como uma contribuição para compreensão da constituição dessa nova forma urbana, a partir da perspectiva demográfica, especialmente sob a ótica da mobilidade espacial da população que ocorre no âmbito dessa nova base territorial. Portanto, através dos fluxos materiais, serão apresentadas evidências que sugerem uma relação de complementaridade entre os aglomerados urbanos que constituem a macrometrópole paulista.

Nesse sentido, o presente artigo, embora ampliado em suas reflexões teóricas, foi motivado por algumas reflexões e análises realizadas em dois estudos mais amplos sobre a macrometrópole paulista (Cunha, 2013 e 2014) e pretende contribuir para esse debate. Assim, com base nos dados dos censos demográficos de 1991, 2000 e 2010, o objetivo deste trabalho é analisar os reflexos demográficos e as possíveis complementaridades regionais estabelecidas no âmbito dessa nova morfologia, tendo como foco o fenômeno da mobilidade espacial da população.

Acesse o artigo completo no site da Revista Cadernos Metrópole.