Em 2010, a suburbanização permanece como ca¬racterística dominante da urbanização contemporânea norte-americana (US Census, 2010), colaborando para o desinvestimento e declínio das áreas urbanas consolidadas. Nesse cenário, duas tendências se fortalecem e introduzem novas relações socioespaciais às dinâmicas urbanas: as gated communities e a teoria urbanística do New Urbanism.
O artigo “Antigos processos e novas tendências da urbanização norte-americana contemporânea”, de Maria Floresia Pessoa de Souza e Silva, é um dos destaques do Dossiê “Desenvolvimento desigual e Gentrificação na cidade contemporânea”, da Revista Cadernos Metrópole nº 32.
Abstract
Suburbanization remains as a dominant feature of contemporary urbanization in the United States (US Census Bureau, 2010) , having contributed to the disinvestment and decline in inner urban areas. Renewal projects have been growing in consensus with neoliberal political and economic strategies and have often resulted in gentrification – a phenomenon with extensive reference in Neil Smith’s works. Meanwhile, two trends have been strengthened, introducing new socio-spatial relations into the urban dynamics. Distinct by nature, the gated communities and the New Urbanism theory have been progressively incorporated in the scope of the urban and suburban projects that seek quality, sustainability and/or to balance inequalities. Empirical evidence found in Las Vegas Valley illustrates how this complex scenario has taken place in practice.
Keywords: gentrification; urban sprawl; gated communities; New Urbanism; Las Vegas.
Introdução
Maria Floresia Pessoa de Souza e Silva
Desde as últimas décadas do século XX, duas novas tendências, de naturezas totalmente diversas, se apresentam trazendo soluções aos problemas da urbanização contemporânea norte-americana, orientando tanto projetos em novas áreas de expansão, quanto aqueles com intuito de renovar áreas degradadas, sejam essas centrais ou suburbanas. A primeira tendência refere-se às chamadas gated communities– GC (que se assemelham ao que conhecemos como condomínios fechados no Brasil), as quais se constituem em produtos explicitamente mercadológicos, caracterizadas por terem como pressuposto o isolamento físico do entorno associado a uma estrutura de gestão condominial privada, que, supostamente, tornam essas áreas menos susceptíveis à degradação provocada pelo desinvestimento público; a segunda tendência é o New Urbanism– NU, uma teoria urbanística com princípios e objetivos definidos, que defende a importância do bom desenho no combate às desigualdades socioespaciais (Charter of New Urbanism, 1996).
Sem pretensão de exaurir tema de tal amplitude, pretende-se aqui discutir duas questões que parecem ser essenciais: as GC e o NU reforçam ou minimizam os problemas da suburbanização? Que relação se observa entre a gentrificação resultante de intervenções para recuperação de áreas consolidadas e essas novas tendências da urbanização contemporânea?
O texto inicia com a revisão de dois conceitos fundamentais a esse debate: a suburbanização e a gentrificação. Na segunda parte, considerando a diversidade dos problemas urbanos contemporâneos, busca-se verificar os princípios e objetivos das GC e do NU e conhecer seus resultados práticos, avaliando se são respostas válidas àqueles. Segue-se um estudo empírico que mostra como essas tendências têm se inserido à dinâmica urbana no Vale de Las Vegas, área que vivenciava um dos maiores índices de crescimento urbano do país até meados de 2000. Por fim, as conclusões apontam que ambas as tendências parecem mais contribuir para criar novos conflitos e ampliar as desigualdades socioespaciais que para solucionar os problemas urbanos.
Para ler a versão completa do artigo “Antigos processos e novas tendências da urbanização norte-americana contemporânea”, acesse a Revista Cadernos Metrópole nº 32.
Última modificação em 02-12-2014