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Os entrevistados da edição nº 31 da Revista e-metropolis são Ivone Salgado, Renata Baesso Pereira e Luiz Augusto Costa, professores do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo (POSURB) da PUC-Campinas, que falam sobre suas trajetórias de formação intelectual e suas pesquisas no grupo de pesquisa “História das Cidades: ocupação territorial e ideários urbanos”.

A entrevista foi realizada pelo nosso coordenador editorial Fernando Pinho.

ENTREVISTA

Tecendo percursos intelectuais e histórias de cidades

Fernando Pinho – E quais os caminhos atuais da pesquisa do grupo?

Ivone Salgado – É importante sinalizar que a gente sempre acompanhou e acompanha os congressos que congregam temas nessa área de investigação. A nossa pós-graduação, desde que foi formada, ainda apenas com o mestrado na época, promoveu o V Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Esse evento já existe há uns vinte anos e a gente sempre participa e sempre se alinhou a esse campo de estudos. Acompanhamos as edições do Seminário Internacional de História Urbana e recentemente acompanhamos a formação da Associação Ibero-Americana de História Urbana, no Chile, onde aconteceu o I Congresso Ibero- Americano de História Urbana e ali realizamos uma mesa com vários pesquisadores brasileiros.

Essa possibilidade de participação dessa associação e de seus congressos abre uma perspectiva para um diálogo com as matrizes espanholas. Há na literatura especializada uma certa separação entre os pesquisadores que estudam as cidades latinas de origem hispânica e os que estudam as de origem portuguesa. No congresso do Chile, tivemos a perspectiva de começar a entender o modelo português com o modelo espanhol, trabalhando juntos. É um campo imenso de pesquisa que se abre.

Renata Baesso Pereira – O meu projeto de pesquisa atual tem como foco o estudo de casas senhoriais em Campinas e região. Segundo um grupo de pesquisadores da Fundação Casa de Rui Barbosa (RJ), esse conceito de casa senhorial deve ser entendido de forma mais ampla – no contexto rural ou no contexto urbano –, segundo uma história social, como um produto de uma determinada classe social e contexto. Isso casa muito bem quando a gente pensa nas famílias que eram as grandes proprietárias de terras da região de Campinas. E quando eu falo Campinas, isso engloba a atual RMC, pois antes tudo era o território de Campinas. Essas famílias constroem casas senhoriais tanto no espaço urbano quanto no espaço rural. Então, o meu projeto de pesquisa atual tem como objeto a família Souza Aranha e procura analisar o que é essa propriedade fundiária – das sesmarias que se desdobram em engenhos e depois fazendas de café – e como esses sujeitos, como esses agentes atuam no espaço urbano e no espaço rural. Qual é o papel deles? Não são homens do campo; são empresários, sujeitos que articulam essa produção de caráter industrial com mercados internos e externos, que têm negócios que não estão só ligados à agricultura, que influem nas redes de infraestrutura urbana, que tiveram um papel nas Câmaras. A principal questão, e que ainda estou delineando, é que esse limite rígido entre o urbano e o rural não existe. São complementares. Talvez questionar alguns lugares comuns da historiografia, como é o caso da afirmação de que o Brasil era pouco urbano. Sim, mas esse urbano estava, como o historiador francês Bernard Lepetit aponta, numa constelação de pontos num território, ligados em rede aos núcleos urbanos. Há uma relação do rural com o urbano e é isso que a pesquisa está apontando.

Acesse a entrevista completa no site da Revista e-metropolis.