O Observatório das Metrópoles divulga o lançamento do livro “Somos todas Marginalis“, de Lívia Buxbaum. A obra registra os corpos marginais que dançam na roda d’O Samba Brilha, na Cinelândia, Rio de Janeiro. Pessoas que vivem em situação de pobreza, excluídas, e que sentem o impulso de se expressarem na rua livremente, fazendo de seus sonhos, do seu corpo, do seu samba uma forma de alegria e resistência.
O livro Somos todas Marginalis: por um legítimo reconhecimento da potência expressiva das pessoas invisibilizadas (Editora Mórula) contou com o apoio do INCT Observatório das Metrópoles, Fundação Ford e da Fundação Universitária José Bonifácio. A publicação é resultante de um trabalho de especialização de Lívia Buxbaum na Faculdade Angel Vianna no Rio de Janeiro.
Lívia é dançarina popular, estudiosa dos movimentos e sentidos do corpo e suas diferenças. Frequentadora da roda de samba d”O Samba Brilha — expressão de um movimento de resistência política e cultural na Cinelândia, região da área central do Rio de Janeiro, a pesquisadora escolheu a “dança achada na rua, das pessoas invisibilizadas e cotidianamente estigmatizadas” como objeto de seu estudo.
“A minha grande motivação era estabelecer uma relação dialógica, franca e de corpo inteiro, com algumas dessas pessoas, para pensarmos juntas, seja através da dança, de uma conversa, de uma conexão de olhares, ou como o instante nos convidasse, se convidasse. Um diálogo afetivo e mutuamente humanizador”, aponta a autora e completa:
“Nesse sentido, este livro é um grito pela valorização das expressões artísticas oriundas das ruas. Um grito para seguirmos em multidão dançando e festejando a cidade. Um grito pela vida, afinal, como nos lembra Luís Antônio Simas, ‘É no arrepiado das arrelias e na plenitude dos corpos em transe de liberdade que o mais subversivo dos enigmas há de nos salvar de todas as misérias: a capacidade criadora de alegria nos infernos'”, aponta Lívia.
Para Marcelo Braga Edmundo, presidente d’O Samba Brilha e coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), o livro ao escolher as ruas, praças, becos, enfim, as periferias e as margens da cidade, olha para aqueles que vivem e sobrevivem no sufoco e sofrimento diários. “Acho que a obra mostra que temos que ter o compromisso e o olhar atento para reparar e abrir os caminhos ao povo que habita e dá vida a estes espaços. E, principalmente, às suas manifestações, sempre espontâneas e cheias de uma graça quase trágica, sobretudo nas horas em que aparecem mais abandonados”, aponta Edmundo.
Segundo ele, o trabalho de Lívia também explícita um pouco mais o significado do Samba Brilha e o seu papel como movimento de resistência cultural, política e social na Cinelândia. “Uma Cinelândia que quase não tem mais cinema e que foi um dos berços do samba, do carnaval, além de palco das lutas populares e do movimento social. Cinelândia que está cada vez mais abandonada, mas sempre ressignificada ou significada por seus ‘marginalis’, que insistem, resistem e ainda esperam ansiosos cada segundo sábado do mês para se divertir e se reencontrar em nossa roda de samba, também insistente e resistente”.
Faça o download no link do livro Somos todas Marginalis.