Neste artigo, o professor Alexandre Paz Almeida discute algumas considerações sobre sociabilidade e cotidiano em um bairro popular da cidade de João Pessoa-PB, denominado de Valentina de Figueiredo. O trabalho, ao realizar entrevistas com moradores do bairro, mostra os processos contraditórios que emergem de relações aparentemente ambivalentes no que diz respeito às práticas cotidianas.
O bairro, neste sentido, não é apenas uma demarcação territorial que divide a cidade – servindo para delimitar os espaços urbanos e o controle administrativo dos serviços públicos e municipais – mas, antes de tudo, o bairro é a própria constituição de uma cidade, onde os moradores que nele habitam se identificam, se sociabilizam, criam laços afetivos e sentimentos de pertencimento. No bairro se percebem rituais, práticas habituais, habitus, e tradições. No bairro se percebem dificuldades e problemas com o crescimento populacional, com a infra-estrutura, com a violência, com a falta de serviços, com o desemprego, com as favelas que começam a circundar etc.
Se a sociabilidade do bairro de Valentina de Figueiredo, com suas ruas, praças, bares, comércios, praias, feiras etc. parece trazer algo de lúdico, de pitoresco, com um sentido idílico de compartilhamento, há momentos, também, que essas interações são permeadas por um processo de hierarquização, fazendo da indiferença um fator preponderante na conformação de uma nova atitude vivenciada no urbano contemporâneo.