O INCT Observatório das Metrópoles promove o lançamento, no dia 19 de novembro, da Série “Transformações na Ordem Urbana das Metrópoles Brasileiras (1980-2010)” com o propósito de oferecer a análise mais completa sobre a evolução urbana do país, servindo assim de subsídio para a elaboração de políticas públicas e para o debate sobre o papel metropolitano no desenvolvimento nacional. O primeiro livro da série é sobre a RM de Curitiba que será lançado durante o Seminário “Curitiba: metropolização e transformações socioespaciais no início do século XXI”.
A série “Transformações na Ordem Urbana das Metrópoles Brasileiras (1980-2010)” representa o maior projeto do Observatório das Metrópoles no âmbito do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT/MCT&I). Segundo o coordenador nacional da Rede, Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, o Observatório vem acumulando expertise sobre a temática metropolitana há mais de 15 anos, a partir da consolidação de um trabalho em rede multidisciplinar, de produção de conhecimento científico, de metodologias e ferramentas para a pesquisa da questão metropolitana.
“Esse projeto significou o nosso maior desafio: incorporar os dados do Censo 2010 relacionados às transformações ocorridas nas principais metrópoles na última década, e oferecer à sociedade brasileira a análise mais completa sobre a evolução urbana nos últimas 30 anos. Agora vamos lançar a série resultado dos esforços de uma grande equipe multidisciplinar de pesquisadores, demonstrando a capacidade de uma pesquisa cooperativa e colaborativa em Rede a partir de um marco metodológico comum”, explica.
Seminário “Curitiba: metropolização e transformações socioespaciais no início do século XXI”
O lançamento do livro “Curitiba: transformações na ordem urbana” acontece, no dia 19 de novembro, no Auditório do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná em Curitiba. Com apoio da Fundação Araucária, CNPq e Capes, o evento irá contar na abertura com a Conferência “Metrópoles: Território, Coesão Social e Governança Democrática: balanço de um programa de pesquisa”, com o Prof. Dr. Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro (IPPUR/UFRJ) e o lançamento do livro “Curitiba: transformações na ordem urbana”, com as falas das coordenadoras do núcleo Curitiba do Observatório das Metrópoles, Profa. Dra. Olga Lúcia C. de Freitas Firkowski e Dra. Rosa Moura.
APRESENTAÇÃO – Série Transformações na Ordem Urbana
Por Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro
O Observatório das Metrópoles vem se dedicando desde 1996 à pesquisa da dimensão metropolitana da questão urbana brasileira. Foi fundado em 1996 como um projeto focado na metrópole fluminense; em 1997, passa a integrar o Programa Nacional de Núcleos de Excelência – PRONEX, e, em 2005, o Programa Nacional Institutos do Milênio; em 2009, passa a se constituir como Instituto de Ciência e Tecnologia (INCT).
O presente livro integra uma coletânea pela qual apresentamos à comunidade acadêmica, aos atores e instituições governamentais e à sociedade a reflexão dos seus pesquisadores sobre as transformações em curso nas principais metrópoles brasileiras nos últimos 30 anos.
Resulta do programa de trabalho “Metrópoles: território, coesão social e governança democrática” realizado entre 2009 e 2014 por uma grande equipe multidisciplinar de pesquisadores integrantes de programas de pós-graduação centralmente integrantes das subáreas das Ciências Sociais Aplicadas e organizados em Núcleos Locais presentes em 15 principais aglomerações urbanas do país (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Baixada Santista, Curitiba, Porto Alegre, Maringá, Goiânia, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Natal e Belém), tendo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) como sede da Coordenação Nacional.
Resulta, portanto, de uma experiência acadêmica pouco comum na área das ciências sociais por se tratar de uma pesquisa cooperativa, colaborativa e comparativa de longa duração, tornando-a uma Pesquisa em Rede – mais que uma Rede de Pesquisa.
O cimento desta experiência é o compartilhamento pelo coletivo de pesquisadores do Observatório de que qualquer estratégia de desenvolvimento nacional está fortemente condicionada à capacidade da sociedade brasileira em enfrentar os desafios urbanos, sociais e ambientais que se manifestam de forma multifacetada e multiescalar nas metrópoles brasileiras.
Os resultados aqui apresentados indicam que atravessamos, por um lado, um momento histórico favorável ao enfrentamento destes desafios por ingressarmos em uma nova transição urbana cujo marco mais visível é a drástica diminuição da pressão demográfica global que marcou a nossa metropolização desde a segunda metade dos anos 1940. Mas, por outro lado, constatamos que mantêm-se as dificuldades para superar a atrofia política das metrópoles, dotando-a de instituições com real capacidade de governabilidade, não obstante a sua relevância econômica e societária.
A maior expressão desta atrofia é a ausência da dimensão metropolitana nas políticas públicas e no sistema de representação no sistema político. A questão urbana, quando tem presença na burocracia pública e nas parlamentos, se expressa através de concepções e modelos de ação setoriais e localistas. Há, portanto, uma orfandade técnica e política na metrópole.
Esperamos que os resultados da pesquisa realizada pelo Observatório, que agora difundimos, possam contribuir com dados, análises e reflexões para o melhor entendimento da natureza, complexidade e importância destes desafios para o desenvolvimento nacional e que também possam servir de insumos para a construção de um incontornável projeto de reforma urbana-metropolitana do país.
Incontornável porque os resultados do nosso trabalho de pesquisa nos autorizam afirmar que as metrópoles sintetizam os efeitos da disjunção entre nação, economia e sociedade inerentes à nossa condição histórica de semiperiferia da expansão capitalista, acelerados pela subordinação à globalização hegemonizada pelo capital financeiro.
É imperativo a adoção de uma estratégia de desenvolvimento nacional que dê respostas às necessidades de um outro modelo metropolitano sem o qual, como sociedade, estaremos condenados a uma variante da maldição de Sísifo: o que a economia produz como promessa de bem-estar individual, a metrópole transforma em mal-estar-coletivo.