Brasília: cidade moderna, cidade eterna
“Brasília – cidade moderna, cidade eterna” procura superar o maniqueísmo do “ame-a ou deixe-a”. No livro, o professor Frederico de Holanda (UnB) revela ser a capital uma das mais peculiares cidades do planeta, nos âmbitos metropolitano e no Plano Piloto de Lucio Costa, mostrando seus grandes problemas e suas fascinantes qualidades. E explora a cidade como arquitetura e o que se tem dito sobre ela, organizando-a em três tempos, o da criação, o da constatação e o da projeção/”desejo” – revelando seu passado, presente e futuro.
Leia abaixo o prefácio de “Brasília: cidade moderna, cidade eterna”, do professor Andrey Rosenthal Schlle (UnB).
PREFÁCIO
Há cinquenta anos, um gigantesco canteiro de obras fervilhava. Brasília estava prestes a ser inaugurada. Dois meses apenas separavam a vontade do ato político. Desde o início das obras, em 1955, com a construção do primeiro campo de aviação (logo batizado de Vera Cruz), passando pelo concurso de 1956/57, que escolheu o projeto urbanístico da nova capital, e da execução do plano, decorreram apenas quatro anos e oito meses. Transferir uma capital não era novidade. Tampouco construir cidades praticamente do nada, ex nihilo. Algo já experimentado no Brasil, mas nunca com tanta intensidade (e expectativa!). Uma rápida análise das fotografias que registraram o festivo dia 21 de abril de 1960 permite constatar uma Praça dos Três Poderes inacabada, um palácio das Relações Exteriores inexistente, uma catedral em osso e um teatro interrompido.
Mesmo assim, o sonho tornou-se realidade. E a realidade, um fato cotidiano. As forçadas cartolas do dia da inauguração logo foram abandonadas e substituídas por chapéus de palha com aba larga, mais capazes de garantir alguma proteção contra o clima do Planalto Central. Da mesma forma, a cidade assumiu dinâmicas próprias. Cresceu e transformou-se. Os palácios foram finalizados, outros tantos construídos. Hoje, o Plano Piloto de Lucio Costa é apenas uma entre as trinta regiões administrativas locais. A cidade descentralizou-se, o Distrito Federal metropolizou-se, e a região conurbanizou-se. A cidade sugerida, sonhada, imaginada, desenhada, riscada – criada, como dizia Lucio Costa – tornou-se real. E a utopia, aqui encarada como a “vitória do desejo”, transformou-se em um fato concreto.
Sendo concreta, Brasília pode ser vista como arquitetura e sobre ela podemos construir novos discursos (ou reforçar antigos…). Em Brasília – cidade moderna, cidade eterna, Frederico de Holanda faz tudo isso (e muito mais…). O autor segue o caminho inicialmente trilhado no seu importante O Espaço de Exceção (1997 e 2002). No entanto, vai além. Integralmente dedicado a Brasília, o livro explora as duas visadas acima citadas: a cidade como arquitetura e o que se tem dito sobre ela; e organiza-se em três tempos, o da criação, o da constatação e o da projeção/“desejo” (passado, presente e futuro). Ou, como a cidade foi pensada por Lucio Costa, como Brasília se encontra na atualidade (“a verdade objetiva dos fatos”) e quais as perspectivas utópicas para a capital do país.
Para mais informações sobre “Brasília – cidade moderna, cidade eterna”, acesse o site do professor Frederico de Holanda.