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São Paulo: impactos da Copa do Mundo 2014

By 28/05/2015janeiro 25th, 2018Publicações

O Observatório das Metrópole promove o lançamento do livro “Megaprojetos, megaeventos, megalópole: a produção de uma nova centralidade em São Paulo” no qual analisa os impactos da Copa do Mundo de 2014 na maior metrópole do país. Da reconfiguração do setor turístico e das práticas esportivas, passando pelos processos de neoliberalização da governança urbana da cidade, até as disputas políticas que atravessaram a escolha da Zona Leste como lugar do novo estádio de futebol.

A publicação aponta que a recepção da Copa de 2014 pôs em movimento no município de São Paulo, por exemplo, um redirecionamento do ciclo de desenvolvimento econômico da cidade, agora não mais voltado ao vetor sudoeste, que já vem dando claras mostras de saturação, mas em direção à região da cidade que, ocupada majoritária e historicamente pela classe trabalhadora, por meio dos investimentos públicos e incentivos fiscais, pretende ser transformada em novo polo de atração do setor de serviços, o que tem caracterizado a economia globalizada.

“Por essa via é possível não só demonstrar o quanto a cidade global tem se constituído como telos do espaço concebido pelo poder público, como também ressaltar que, confinada inicialmente a uma porção reduzida da cidade, vê agora oportunidade de expandir sua fronteira sobre novos territórios, no caso, o da Zona Leste”, explica Clarissa M. Gagliardi, uma das organizadoras do livro.

“Vimos que a Copa de 2014, ao operar, por meio da escolha do estádio de futebol, o spacial turn dos investimentos públicos, foi essencial não só para revelar a expansão da cidade global no território do município de São Paulo, mas para tornar visível o papel estratégico que a Zona Leste poderá obter nos próximos anos”.

De acordo com a pesquisa, pode-se afirmar que houve, no contexto dos preparativos da Copa do Mundo de 2014, uma mudança de direção que começa a ser operada no setor hoteleiro da cidade por exemplo, visto que ao observar mais de perto para onde caminham os empreendimentos hoteleiros, manifestou-se uma migração também em direção aos primeiros anéis da Zona Leste, abandonando a área tradicional de sua localização, concentrada prioritariamente no centro da cidade e no vetor sudoeste.

“Considerando que o setor hoteleiro está englobado por uma cadeia produtiva mais ampla e, sabendo que o forte na cidade de São Paulo é o turismo de negócios, a migração dos hotéis para a Zona Leste também indica que está sendo prevista uma dinamização da economia na região, que pode estar alicerçada a empreendimentos que não se confinam às fronteiras do município, mas localizados na Região Metropolitana de São Paulo. Hipótese que se vê também reforçada pelo crescente desenvolvimento de centros de convenções e pela consolidação de uma rede de captação e distribuição de eventos, por intermédio de parceiros nos municípios do entorno da cidade”, afirma Clarissa.

Faça o download do livro “Megaprojetos, megaeventos, megalópole: a produção de uma nova centralidade em São Paulo”.

 

METROPOLIZAÇÃO E MEGAEVENTOS

O projeto nacional “Metropolização e Megaeventos: impactos da Copa do Mundo e das Olimpíadas nas metrópoles brasileiras”, coordenado pelo INCT Observatório das Metrópoles, teve como objetivo ampliar o espectro analítico sobre as transformações físico- territoriais, socioeconômicas, ambientais e simbólicas associadas a estes megaeventos. Especial ênfase foi dada à distribuição dos benefícios e dos custos nas diversas esferas que envolvem o processo de adequação da cidade às exigências infra-estruturais para a realização dos referidos eventos, partindo-se de um ponto de vista comparativo em relação a experiências internacionais similares anteriores.

A pesquisa evidenciou que os megaeventos esportivos no Brasil estão associados a implementação de grandes projetos urbanos e vinculados a projetos de reestruturação das cidades. Desta forma, não é possível separar a Copa do Mundo e as Olimpíadas dos projetos de cidade que estão sendo implementados. E isso se traduz no próprio orçamento que foi disponibilizado e nos investimentos realizados. A análise da pesquisa até o momento confirma a hipótese inicial de que associado aos megaeventos estaria em curso o que pode ser chamado de “nova rodada de mercantilização” das cidades, traduzida na elitização das metrópoles brasileiras associada à difusão de uma certa governança urbana empreendedorista de caráter neoliberal e do forta- lecimento de certas coalizões urbanas de poder que sustentam esse mesmo projeto. É preciso registrar que esta é uma análise do ponto de vista nacional, que deve levar em consideração diferenças significativas entre as cidades-sede.

 

Leia também:

Livro “Megaeventos: impactos da Copa e Olimpíadas no Brasil”

Belo Horizonte: os impactos da Copa do Mundo de 2014

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