Qual será o futuro possível de Salvador se forem mantidas as atuais tendências demográficas, sociais, econômicas e de desenvolvimento espacial? Para analisar essa questão o INCT Observatório das Metrópoles lançou, no dia 20 de março, o livro “Salvador no Século XXI”, coordenado pelos professores do nosso núcleo regional Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Melo e Silva (in memoriam), e Inaiá Moreira de Carvalho. A publicação busca traçar um retrato das tendências que estão configurando a metrópole baiana hoje e num futuro próximo. A nossa rede de pesquisa presta homenagem ao professor Sylvio Bandeira de Melo e Silva, que faleceu no começo de março, e foi um importante incentivador das pesquisas sobre a questão urbana no país.
O livro “Salvador no século XXI: transformações demográficas sociais, urbanas e metropolitanas – Cenário e Desafios” foi lançado no dia 20 de março, durante a aula inaugural do Programa de Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social (UCSal). A publicação é mais um resultado do Núcleo Salvador da Rede INCT Observatório das Metrópoles, sendo que o projeto foi coordenado por Gilberto Corso Pereira, com a colaboração de Sylvio Bandeira de Mello e Silva e Inaiá Maria Moreira de Carvalho.
Esse trabalho foi a ultima produção do professor Sylvio Bandeira de Melo e Silva, que além de docente e pesquisador, era o atual coordenador do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social da Universidade Católica do Salvador; professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFBA, Pesquisador 1A do CNPq; e Pesquisador do núcleo Salvador do Observatório das Metrópoles. Sylvio foi coordenador de projetos de pesquisa interinstitucionais e participou ativamente de publicações recentes de vários trabalhos como os livros “Metrópoles na atualidade brasileira: transformações, tensões e desafios na Região Metropolitana de Salvador” (2015) “Transformações metropolitanas no século XXI. Bahia, Brasil e América Latina” (2016) e “Salvador do século XXI: transformaçõesdemográficas, sociais, urbanas e metropolitanas – cenários e desafios” (este com lançamento previsto para as próximas semanas).
A equipe da Rede Nacional INCT Observatório das Metrópoles presta homenagem ao professor Sylvio Bandeira.
Salvador no século XXI
“Salvador no século XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas – cenários e desafios” apresenta resultados de estudo solicitado em 2015 pela Fundação Mário Leal Ferreira, órgão de planejamento da Prefeitura Municipal de Salvador, a pesquisadores do Núcleo Salvador do Observatório das Metrópoles.
O objetivo central do estudo foi apoiar a elaboração de um plano de longo prazo para a cidade, que, naquele momento, tinha como propósito explícito planejar a Salvador dos próximos 35 anos. Neste contexto foi desenvolvido projeto que se propôs analisar as condições e transformações demográficas, socioeconômicas e urbanas recentes e que vêm marcando a transformação da cidade nas primeiras décadas do século XXI para, a partir destas constatações, formular algumas hipóteses e construir cenários sobre a provável evolução metropolitana no futuro próximo, com base em dados e interpretações sobre a trajetória e as características atuais da capital baiana, como subsídio ao planejamento urbano e ao desenvolvimento de políticas públicas.
Segundo Gilberto Corso Pereira, é importante ter claro que o propósito do estudo não foi projetar o futuro desejado, mas antever o futuro possível e provável caso as tendências identificadas permaneçam.
“A possibilidade de pensar sobre o futuro é uma precondição para identificar os desafios relevantes que podem surgir e devem ser enfrentados pelas políticas públicas de maneira coerente com o desenvolvimento previsto e de forma tão eficiente quanto possível em termos de longo prazo. Consideramos que a função básica deste livro, mais do que elaborar previsões e projeções, é tornar mais visível as possibilidades que as tendências de desenvolvimento da metrópole podem trazer a seus habitantes e seus gestores. A partir das tendências identificadas e discutidas, cenário tendencial pode ser projetado considerando variáveis associadas à dinâmica demográfica de Salvador e de sua região metropolitana, aos padrões de uso do solo e moradia, à mobilidade urbana, às condições de emprego e renda da população, às desigualdades intraurbanas, à sustentabilidade ambiental e à governança urbana e metropolitana”, aponta Gilberto.
ESTRUTURA DO LIVRO
A estrutura do livro reflete a escolha de variáveis estudadas para o enfrentamento da questão central que norteou o estudo – qual será o futuro possível de Salvador se forem mantidas as atuais tendências demográficas, sociais, econômicas, e de desenvolvimento espacial?
O estudo partiu do reconhecimento dos problemas que a metrópole carrega como legado para as próximas décadas, destacando-se uma intensa segmentação social e espacial, graves problemas de mobilidade urbana e metropolitana, políticas habitacionais e de transporte que aprofundam a segregação socioespacial e impulsionam a dispersão urbana, problemas ambientais que se agravam pela falta de ordenamento territorial metropolitano e ausência de políticas públicas adequadas e coordenadas que possam enfrentar os problemas urbanos e metropolitanos.
As variáveis analisadas definem as características: da população; das formas de circulação no espaço urbano e metropolitano; do ambiente natural e construído, incluindo aqui as formas de provisão de moradia, infraestrutura e tendências de expansão territorial, e da governança urbana e metropolitana.
“A disponibilização do estudo que se dá com a publicação deste livro espera colaborar para a construção de políticas públicas que possam contribuir para que o futuro da metrópole não seja marcado fundamentalmente pelo baixo dinamismo econômico, segregação socioespacial, fragmentação urbana, problemas ambientais e dificuldades de circulação. Esperar a superação das desigualdades é excessivamente otimista, mas é plausível esperar que políticas públicas adequadas conduzam ao aumento da diversidade socioespacial, das condições de circulação intrametropolitana e intraurbana, a ampliação do acesso às oportunidades de trabalho e consumo e ao controle efetivo da deterioração do patrimônio histórico e ambiental”, aponta Gilberto Corso Pereira.