O Departamento de Arquitetura e Estudos Urbanos do Politécnico de Milão/Itália divulga a nova edição da Revista Território (n.64), que traz o tema “Brasil e os megaeventos esportivos” a fim de analisar o modo como o poder local brasileiro tem utilizado a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos 2016 como estratégia central para a inserção do país na economia global. O Observatório das Metrópoles participa da edição especial com cinco artigos que discutem questões como direito à moradia, governança e mobilidade urbanas, a transformação do esporte em uma prática elitista, e a mercantilização da cidade no contexto dos megaeventos.
Na Apresentação da Revista Território (n.64), os editores afirmam que o Brasil é considerado atualmente um dos principais países mundiais, pelo seu peso econômico e influência regional – assim como os outros países que compõem os Brics. De acordo com as estatísticas, o “gigante sul-americano” cresceu muito mais rápido do que a maioria de seus vizinhos na última década, devido a grandes transferências econômicas governamentais para famílias (caso do Programa Bolsa-Família) o que deu nova força à classe média. Nesse contexto, um novo conceito foi desenvolvido para designar aqueles que saíram da pobreza, chamados de “Nova Classe C”.
Esse contingente populacional está vinculado a temas como educação, emprego formal, seguridade social e níveis elevados de consumo. E mesmo que o cenário brasileiro aponte, como um todo, que as desigualdades e diferenças sociais ainda são muito elevadas e que os índices de desenvolvimento humano são bastante baixos em grande parte do país, uma nova era se abriu na economia e na vida social do Brasil, pelo menos no que diz respeito às expectativas sociais, e de crescimento e desenvolvimento econômico.
O Brasil tem atraído investimentos privados de todo o mundo graças a essas tendências e a sua política monetária. Nesse contexto, a atração de megaeventos tem sido utilizada como estratégia crucial para entrar na economia global. Desde o início de 2000, o Brasil tem buscado sediar todos os tipos de grandes eventos, inclusive esportivos.
Por essa razão, a Revista Território apresenta uma edição especial para discutir o modo como os megaeventos esportivos são usados como alavanca, seus principais impactos e contradições, focando principalmente sobre a dimensão urbana. O Rio de Janeiro é o protagonista, uma vez que será a sede da Fifa na Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. O primeiro artigo discute em que medida é viável ou não esta fase dos megaesportivos, especificamente, nas cidades globais do Sul.
Os artigos seguintes foram produzidos por estudiosos brasileiros vinculados ao Observatório das Metrópoles, que estão envolvidos em projetos de pesquisa sobre a transformação das cidades brasileiras e sua mercantilização. Eles se concentram em alguns das mais importantes dimensões relacionadas às cidades brasileiras que estão se preparando para os próximos megaeventos esportivos, como: direito à moradia, governança urbana e o papel dos movimentos sociais, mobilidade urbana e à conversão de esportes em uma prática elitista. Tal como será facilmente notado, todos os artigos mantêm um ponto de vista crítico em relação aos megaeventos como possíveis vetores de desenvolvimento, que é, obviamente, apenas uma das formas possíveis para enfrentar fenômenos tão complexos que implicam transformações espaciais, econômicas e sociais profundas.
Os seguintes artigos produzidos pelo Observatório das Metrópoles foram publicados na Revista Território:
The right to housing, the World Cup and the Olympics: reflections on the case of Rio de Janeiro. Orlando Alves Dos Santos Junior, Mauro Rogo Monteiro Dos Santos
Changes and continuities of brazilian urban governance: the impacts of the sporting mega events. Erick Silva Omena De Melo
Urban mobility in the Olympic City: a ‘transportation revolution’ in Rio de Janeiro? Juciano Martins Rodrigues
From culture to spectacle, the new logics of Brazilian football. Christopher Gaffney
Mega sporting events in Brazil: transformation and mercantilisation of cities. Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, Orlando Alves Dos Santos Junior
Acesse a edição n.64 da Revista Território aqui.
Última modificação em 15-03-2013