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Revista Plural nº 20

By 14/04/2014janeiro 24th, 2018Notícias, Revistas Científicas

Revista Plural nº 20

Do debate sobre o papel do Movimento ao Socialismo (MAS) na refundação da nação boliviana, passando por uma entrevista com o sociólogo argentino Alejandro Blanco, professor da Universidade Nacional de Quilmes; e ainda a preciosa tradução do texto “Mudança das formas culturais”, de Georg Simmel; e o resgate de uma palestra proferida, em 1954, pelo importante antropólogo Egon Schaden.Esses são alguns dos destaques da edição de nº 20 da Revista Plural, Revista do Programa de Pós ­Graduação em Sociologia da USP.

 

Sobre a revista

A Plural é uma publicação acadêmica eletrônica semestral, coordenada e editada por investigadores do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo (PPGS/USP). Recebe, em caráter de fluxo contínuo, artigos/ensaios, resenhas, entrevistas e traduções de diversas linhas de pesquisa da sociologia, o que assegura seu caráter interdisciplinar e sempre em sintonia com as novas searas da produção científica nacional e internacional.

Foco e objetivos

Desde sua primeira edição, lançada no primeiro semestre de 1994, a Plural vem se estabelecendo como importante veículo de divulgação de trabalhos científicos e resultados de pesquisas sociológicas no Brasil, figurando-se ainda como espaço heterogêneo do debate acadêmico dentro do campo maior das ciências sociais. Com isso, a Plural busca proporcionar ao leitor a possibilidade de se defrontar com a diversidade de temas, propostas teóricas, metodologias de pesquisas e estilos do fazer intelectual, o que reflete, de um lado, o compromisso da revista com a pluralidade, e, de outro, o desejo de que o debate sociológico entre perspectivas seja incentivo para o avanço de nosso entendimento acerca do “social”.

 

Editorial


Sempre é uma imensa alegria anunciar cada nova edição da Revista Plural, que continua buscando, a todo semestre, constituir-se como espaço de diversidade de conteúdo, pluralidade de perspectivas sociológicas e interdisciplinaridade. É nesse sentido que abrimos a edição 20.2 – cuja ilustração da capa é do ilustrador Masayoshi B. L. Ninomiya (“The Crowd People”) –, com sete artigos inéditos de jovens pesquisadores, pós-graduandos e docentes de regiões distintas do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Minas Gerais, além de uma contribuição internacional vinda de Évora, Portugal. Contamos ainda com: duas resenhas; uma entrevista realizada com o sociólogo argentino Alejandro Blanco, professor da Universidade Nacional de Quilmes; a preciosa tradução do texto Mudança das formas culturais, de Georg Simmel; e o resgate de uma palestra proferida, em 1954, pelo importante antropólogo Egon Schaden.

Sempre é uma imensa alegria anunciar cada nova edição da Revista Plural, que continua buscando, a todo semestre, constituir-se como espaço de diversidade de conteúdo, pluralidade de perspectivas sociológicas e interdisciplinaridade. É nesse sentido que abrimos a edição 20.2 – cuja ilustração da capa é do ilustrador Masayoshi B. L. Ninomiya (“The Crowd People”) –, com sete artigos inéditos de jovens pesquisadores, pós-graduandos e docentes de regiões distintas do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Minas Gerais, além de uma contribuição internacional vinda de Évora, Portugal. Contamos ainda com: duas resenhas; uma entrevista realizada com o sociólogo argentino Alejandro Blanco, professor da Universidade Nacional de Quilmes; a preciosa tradução do texto Mudança das formas culturais, de Georg Simmel; e o resgate de uma palestra proferida, em 1954, pelo importante antropólogo Egon Schaden.

Marcelo Cedro, por sua vez, analisa as propostas do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, Minas Gerais, tendo em vista sua conexão com estudos revisitados acerca do patrimônio, da identidade nacional e da cultura em meio às Ciências Sociais. A discussão relativa à ressignificação da relação entre cultura e identidade, bem como seus reflexos no direcionamento museológico da atualidade, serve de embasamento para o autor discutir as alterações na concepção do Museu da Inconfidência. Para tanto, utilizam-se como fontes principais as publicações do próprio museu – folhetins, livros, catálogos, artigos e periódicos – e uma entrevista com o diretor da instituição, de modo a perceber as representações das alterações museológicas empreendidas pelo museu.

Já o artigo de Thays Wolfarth Mossi tem como foco o mundo do trabalho. Nesse contexto, ela se propõe a compreender a configuração da identidade profissional dos quadros superiores de empresas de Tecnologia da Informação (TI), considerados sujeitos que tornam emblemáticos, digamos, o “novo espírito do capitalismo” – como entendido por Boltanski e Chiapello – e que estão inseridos nas reestruturações do paradigma tecnológico da Sociedade da Informação, conforme proposto por Manuel Castells. Para tanto, a autora realiza pesquisa que considera as entrevistas com profissionais da área de TI como material privilegiado para a compreensão de sua identidade profissional, mostrando como esta é fundamentada no “eu”, constituindo-se como um espaço de estabilidade no qual os sujeitos ancoram em si a vivência do contexto social.

Outro artigo que trata do mundo do trabalho é o de Sofia Alexandra Dias, da Universidade de Évora, que discute a conciliação entre trabalho e família, tema que se torna visível com a entrada massiva da mulher no mercado de trabalho. A autora visa compreender como se relacionam as experiências da conciliação do trabalho com a família e as representações sociais que os indivíduos têm dessa conciliação, a partir de uma análise qualitativa, com base, sobretudo, em entrevistas que enfocam experiências de conciliação e políticas implementadas por determinadas empresas.

Narayana de Deus Nogueira Bregagnoli, por sua vez, busca compreender como comunidades afetadas pela construção de uma usina hidrelétrica percebem as modificações que esse empreendimento causa em suas vidas – ou, de modo mais geral, qual o significado da barragem para seus atingidos. Para tanto, a autora realiza um estudo de caso a partir da construção da hidrelétrica Cachoeira do Emboque, em Minas Gerais, de maneira a evidenciar as negociações e os conflitos entre a empresa proponente e os moradores, assim como as transformações nos meios e modos de vida da comunidade.

Também o artigo apresentado nesta edição, “O enfraquecimento ético-político contemporâneo pelo viés do Direito”, é de cunho teórico e visa problematizar as relações entre “Direito” e “política” para além da ideia de continuidade e complementaridade. Tendo como principais referências os desenvolvimentos analíticos de Jacques Rancière e Michel Foucault, Wellington Tibério discute a atual judicialização das relações sociais como estratégia de aliviar a política de sua tarefa. Como ponto de apoio à sua análise, o autor se propõe a discutir os efeitos do avanço do Direito no interior das tensões que envolvem as relações escolares no presente.

Dando continuidade à seção “Arquivo-vivo”, que tem como intento divulgar escritos importantes para a constituição das Ciências Sociais e, em específico, da Sociologia no Brasil – mas que estejam fora de circulação hoje –, a Revista Plural oferece ao leitor a republicação de uma palestra proferida pelo antropólogo Egon Schaden, em 1954, no XXXI Congresso Internacional de Americanistas, ocorrido em São Paulo. Esse texto, por si só, é um importante diagnóstico do estado das pesquisas em etnologia indígena no Brasil na década de 1950 e ganha ainda mais relevância por ocasião do centenário do nascimento de Egon Schaden. A ideia da seção é que cada arquivo venha acompanhado de uma pequena apresentação, que contextualize o autor e destaque a relevância do texto para a contemporaneidade.

Nesta edição, contamos com a excelente colaboração da professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Tânia Welter, e do professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Pedro Martins, que juntos apontam a importância do trabalho desenvolvido pelo antropólogo dentro das Ciências Sociais brasileiras, bem como o debate suscitado nas comemorações da passagem do centenário de seu nascimento.

A edição 20.2 traz, ainda, a tradução inédita do texto Mudança das formas culturais, de Georg Simmel, trabalho realizado por Patrícia da Silva Santos. Nesse breve e fundamental ensaio, publicado originalmente em 1916, Simmel parte de um famigerado esquema marxista de desenvolvimento econômico para ir além do terreno meramente economicista, discutindo como formas de expressão no domínio da cultura “deixam de acolher em si a vida que urgia expressão”. Simmel discute, com isso, como nossos meios para submeter os conteúdos da vida ao jugo da expressão do espírito, na arte, na religião e na filosofia, já não são mais suficientes, ou seja, que “o que queremos expressar já não se encaixa dentro deles, mas sim os arrebenta e sai à procura de novas formas – que, por ora, anunciam sua presença oculta somente como suspeita ou efetividade não interpretada”.

A entrevista que oferecemos ao leitor foi realizada com o professor Alejandro Blanco, que visitou a Universidade de São Paulo, em maio de 2013, a convite do Laboratório de Pesquisa Social (Laps), ministrando a conferência Trayectorias intelectuales en perspectiva comparada: desafíos analíticos, potencialidades y límites. Nessa instigante entrevista, o sociólogo argentino trata em detalhes de sua trajetória pessoal e profissional, em conexão com a história política e social da Argentina, abrindo caminhos teóricos e históricos para refletir sobre a socio logia da vida intelectual, a história das ideias e o método comparativo – marcos analíticos importantes do trabalho de pesquisa que Blanco desenvolve atualmente.

Por fim, trazemos ao público duas resenhas de obras lançadas recentemente. Fernanda Di Flora Garcia analisa o livro Nonostante Auschwitz: il “ritorno” del razzismo in Europa, do filósofo político italiano Alberto Burgio, publicado em 2010. O livro resenhado parte da constatação de que o racismo, a despeito de Auschwitz, tornou a ocupar lugar de destaque nos discursos políticos e midiáticos da Europa. A partir dessa constatação, o autor realiza uma reconstrução histórica do racismo, sem deixar de recorrer a uma análise crítica do presente, dos novos episódios que qualificam e modificam os discursos e as práticas racistas, sobretudo contra os imigrantes.

A segunda resenha, de Eduardo Altheman Camargo Santos, debruça-se sobre o livro Crédito à morte: a decomposição do capitalismo e suas críticas, do filósofo e ensaísta alemão Anselm Jappe, publicado em versão brasileira agora em 2013. O livro resenhado é uma coletânea de artigos que discute a crise do capitalismo contemporâneo e as críticas que foram feitas a esse modelo, de modo a defender a relevância e a atualidade da “crítica do valor”, bem como sua capacidade em responder aos impasses contemporâneos do capitalismo.

Fechando nossa edição, bem como este texto de apresentação, temos o prazer de anunciar que a Revista Plural, a partir deste ano, passa a constar no catálogo do Portal de Revistas da USP e, portanto, a disponibilizar todo o seu conteúdo em novo endereço: <http://www.revistas.usp.br/Plural>. Com isso, a Revista migra oficialmente para a plataforma Open Journal System (OJS). Assim, a partir de agora, todo o processo de submissão e apreciação dos novos artigos será feito por intermédio da nova plataforma, o que permitirá maior padronização dos processos de avaliação e maior facilidade para os autores no momento da submissão de novos artigos. Esperamos que essas mudanças agradem os leitores e todos que contribuem com a Plural.

 

Acesse no link a edição nº 20 da Revista Plural.