O Instituto de Estudos Avançados, vinculado à Universidade de São Paulo (USP), divulga a edição nº 89 da Revista Estudos Avançados com o dossiê “Saídas para a Crise Econômica”.
A proposta da editoria da revista foi reunir um conjunto de textos em que “economistas provadamente competentes exponham seus pontos de vista e formulem propostas viáveis de curto ou longo prazo”. Para isso, Estudos Avançados contou com a colaboração do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, professor emérito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e ex-ministro da Fazenda, consultor do dossiê. São 12 artigos escritos por 13 economistas. Veja abaixo alguns destaques.
Desenvolvimentismo. Para o Professor Luiz Carlos Bresser-Pereira, o liberalismo financeiro-rentista é incompatível com o crescimento, porque mantém juros elevadíssimos e câmbio apreciado no longo prazo, que inviabilizam a poupança pública e o investimento privado. Para sair da quase-estagnação, cinco pontos de um regime desenvolvimentista: regra fiscal responsável, juros moderados, câmbio competitivo, acordo social, impostos progressivos.
Comércio internacional. Segundo Edmar Bacha, a atual recessão preocupa, mas preocupa ainda mais o lento crescimento da economia brasileira há 35 anos. Para ele, as causas são múltiplas, mas uma frequentemente ignorada é enfatizada em seu artigo: a baixíssima participação do Brasil no comércio internacional. Propõe-se um programa de integração do país às cadeias produtivas internacionais, com base em três pilares: redução do custo Brasil, troca de tarifas por câmbio e acordos comerciais.
Ensaio desenvolvimentista. Para analisar a crise que se instalou na economia brasileira após 2015, o Professor Ricardo Carneiro (Unicamp) adota em seu texto a tese de que a política econômica e sua operacionalização são condicionadas por um contexto mais amplo no qual, além das relações de classe, há, no âmbito econômico, aspectos estruturais e cíclicos, conformando um pano de fundo sob o qual as decisões de política econômica são tomadas e produzem seus resultados.
Reforma financeira. De acordo com o economista Ladislau Dowbor, a ruptura dos avanços econômicos vividos entre 2003 a 2013, se deu pela articulação dos interesses financeiros com oportunismos políticos. No Brasil, disse, as taxas de juros para pessoa física, 156%, se comparam com os 3,5% na França. É um trilhão de reais que se extrai da economia real. Os motores da economia, a demanda das famílias, o investimento empresarial e as políticas públicas foram travados, estas últimas pela taxa Selic surrealista. As oportunidades estão na volta do controle dos recursos financeiros do país, para que financiem e economia em vez de drená-la.
Acesse a edição nº 89 com o dossiê “Saídas para a Crise Econômica”.