O neoliberalismo no Brasil é o tema do artigo de capa da edição nº 21 da Revista Eletrônica e-metropolis. No texto, o autor Marcos Barcellos de Souza apresenta os principais vetores de penetração e difusão do neoliberalismo no Brasil e discute seus efeitos sobre os projetos de reescalonamento do Estado. Além disso, discute um possível retorno do país ao desenvolvimentismo.
Marcos Barcellos de Souza é doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em professor Substituto no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ). Eu seu artigo para a revista, ele adota uma perspectiva evolucionária e contraditória do neoliberalismo.
Souza procura destacar as complexas relações entre neoliberalização, descentralização, devolução, reescalonamento e financeirização, em uma abordagem sobre a neoliberalização que se assenta numa abordagem multiescalar e relacional. Ele utiliza argumentos inspirados na Abordagem da Regulação e na Abordagem Estratégica-Relacional do Estado para discorrer sobre o tema.
“Não seria possível, a priori, aplicar uma teoria do neoliberalismo ao caso brasileiro e comentar resultados prováveis. Na verdade, essa teoria não existe, dado que o neoliberalismo só pode ser entendido por experiências concretas, que o reformatam. Nesse sentido, a análise do próprio processo de neoliberalização no Brasil tem muito a informar sobre a evolução multiescalar e as genealogias do neoliberalismo, dada a sua natureza relacional”, destaca o autor na introdução do artigo.
Duas das seções do artigo são dedicadas à compreensão das formas de penetração do neoliberalismo no Brasil ao longo da década de 1980. Segundo o autor, tal período foi marcado pelo aprendizado institucional e democrático e por lutas entre projetos concorrentes de desenvolvimento. Ele ressalta que o desenrolar destas lutas foi determinante para a trajetória de neoliberalização no país. Na quarta e quinta seções do artigo, Souza analisa os momentos de roll back e roll out para, então, discutir um possível retorno do país ao desenvolvimentismo.