A intervenção federal e militar no estado do Rio de Janeiro, efetivada pela Presidência da República logo depois do Carnaval, é só a face mais visível do estado de violência em que o Brasil está mergulhado. A brutalidade cotidiana, no entanto, afeta cada grupo de população de modos distintos, tornando também explícito quais são as vidas mais ou menos vulneráveis num contexto em que a força policial é distribuída conforme interesses políticos.
Para a população residente em favelas e periferias, intervenções militares são mais um mecanismo de aprofundar a violência de todos os dias. Para a população carcerária, vale o poderio das facções armadas, cuja guerra interna mantém sob condições brutais a vida nas cadeias brasileiras. Para a população assustada, com medo de crimes e assaltos, os tanques nas ruas são o melhor exemplo do que diz o filósofo francês Jacques Rancière: “A política é a polícia”. Nesse caso, a política é o enfraquecimento cotidiano dos instrumentos democráticos em prol das diversas formas de violência institucional.
A Revista Cult lançou o dossiê especial “A violência como ordem”, no qual analisa a lógica de guerra que é uma das chaves para pensar os mecanismos de poder por meio dos quais opera a política de segurança pública brasileira.
Diante do contexto de crise política e institucional no Rio de Janeiro, no qual o Governo Federal considerou oportuno implementar uma intervenção militar como solução mais fácil (e marcada pelo caráter de marketing do Estado forte e salvador da pátria), o INCT Observatório das Metrópoles divulga o dossiê da Revista Cult “A violência como ordem” que traz reflexões interessantes sobre o modus operandi das nossas políticas de segurança pública.
O dossiê conta com os seguintes artigos:
Subjetivação da violência (Edson Teles)
Violência como Regra (Gabriel Rocha Gaspar, Maria Fernanda Novo e Vanessa Oliveira)
De dia cria a doença para, à noite, vender a cura (Thainã de Medeiros)
As mães, seus mortos e nossas vidas (Adriana Vianna)
Feridas de uma herança dolorosa (Carla Rodrigues e Vinicius Santiago)
Acesse o dossiê no site da Revista Cult.