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A revista Cadernos Metrópole convida pesquisadoras e pesquisadores das diversas áreas de conhecimento, que abordam a questão urbana e regional, a enviarem artigos até 10 de dezembro de 2024 sobre o tema “Urbanismo de plataforma”, referente à edição nº 64. Os artigos podem ser redigidos em língua portuguesa, espanhola, inglesa ou francesa.

O dossiê será organizado por Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro e Nelson Diniz, respectivamente coordenador nacional e pesquisador do INCT Observatório das Metrópoles. O objetivo é selecionar artigos dedicados a refletir e apresentar resultados de pesquisas sobre os impactos da plataformização do capitalismo na produção social do espaço.

Segundo os organizadores, o dossiê pretende considerar, principalmente, o “capitalismo de plataforma”, com ênfase em suas repercussões nos processos de produção social do espaço urbano e regional.

Repercussões que deram ensejo a conceitos tais como “urbanismo de plataforma”, “digitalização do espaço urbano” e “urbanização da internet”. Cabendo ressaltar que se trata de uma temática que encontra precedentes em formulações sobre o “regime de acumulação flexível”, a “sociedade em rede” e o “meio técnico-científico-informacional”.

Saiba mais em: revistas.pucsp.br/metropole

Urbanismo de plataforma
Organizadores: Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro e Nelson Diniz

Testemunhamos, no primeiro quarto do século XXI, uma nova rodada de transformações radicais do capitalismo, ainda mais disruptivas quando comparadas com as da década de 1970. Há muitas maneiras de designar essas transformações mais recentes: “capitalismo financeirizado” ou “sob dominância financeira”, “capitalismo rentista”, “capitalismo de vigilância”, dentre tantas outras possibilidades.

Sem perder de vista essas outras possibilidades, este número de Cadernos Metrópole pretende considerar, principalmente, o “capitalismo de plataforma”, com ênfase em suas repercussões nos processos de produção social do espaço urbano e regional. Repercussões que deram ensejo a conceitos tais como “urbanismo de plataforma”, “digitalização do espaço urbano” e “urbanização da internet”. Cabendo ressaltar que se trata de uma temática que encontra precedentes em formulações sobre o “regime de acumulação flexível”, a “sociedade em rede” e o “meio técnico-científico-informacional”.

No entanto, nas primeiras décadas do século XXI, também há muita novidade em questão. A revolução técnico-científica atingiu um novo patamar: internet das coisas, big data, aprendizado de máquina, realidade aumentada, inteligência artificial. Essas e outras inovações tecnológicas estão revolucionando, mais uma vez, as maneiras como a humanidade experimenta sua relação com o tempo e o espaço.

Está em curso uma “nova experiência urbana”, ligada à “plataformização do capitalismo”, o que não pode ser entendido sem que se leve em conta outros fatores de mudança, a começar pelo alto grau de autonomização do capital fictício. Estamos diante de uma nova etapa histórica, a da “dominação financeiro-informacional”, que penetra em todas as dimensões da vida social. E foi justamente nos marcos dessa nova etapa que um volume gigantesco de capitais sobreacumulados deslocou-se para a esfera dos investimentos nas plataformas digitais. Além das já consolidadas “Big Techs”, como Amazon e Google, na esteira da crise de 2008, uma série de “empresas-aplicativo” passaram a impor seu modelo de negócios, baseado na racionalidade algorítmica, no novo “maquinário digital-informacional” e no controle monopolístico de tecnologias georreferenciadas. Um dos casos paradigmáticos, o da Uber, com sua plataforma de transporte de passageiros e mercadorias, abriu caminho, por exemplo, para o amplo debate acerca da “uberização”.

Por tudo isso, estamos em busca de artigos dedicados a refletir e apresentar resultados de pesquisas sobre os impactos da plataformização do capitalismo na produção social do espaço. De que maneira a expansão das plataformas digitais de serviços incide nos mecanismos de captura de rendas urbanas e no funcionamento dos mercados imobiliários? Como sua dinâmica reforça tendências de mercantilização e financeirização das cidades? Plataformas digitais de aluguel de curto prazo, como a Airbnb, estão influenciando, de fato, os preços imobiliários? Estão impulsionando processos de gentrificação? Como descrever e analisar as “estratégias espaciais” correspondentes aos “modelos de negócios” das distintas plataformas digitais? De que modo elas afetam a estrutura social e ocupacional das cidades brasileiras? Como realizar estudos comparativos a respeito da atuação das plataformas digitais nas principais cidades do país e do mundo?

Recorde-se, ainda, que essas questões guardam ampla afinidade com o debate a acerca da “urbanização logística” e, portanto, com as reflexões sobre os nexos entre extração, logística e finanças. Seja no caso do e-commerce ou no âmbito de outras atividades econômicas, o que se passa no campo da logística tornou-se central para os processos de acumulação, exigindo um novo salto de qualidade na gestão dos “fixos” e “fluxos” espaciais.

Há quem sustente, além disso, a pertinência da ideia do “extrativismo urbano” ou de um “conceito ampliado de extrativismo”, para sugerir que a própria lógica da extração transborda e atinge outros setores, capturando, ou melhor, “extraindo” rendas, por exemplo, do endividamento das famílias e das classes populares. Em outras palavras, os “passivos” que resultam de formas alternativas (“financeirizadas”) de garantir a reprodução social são convertidos em “ativos” (assets) nas mãos de bancos e instituições financeiras. Daí o debate sobre a “assetização” ou a “financeirização 2.0”. Existe, do mesmo modo, uma série de abordagens sobre como a “viração” e a informalidade são capturadas por essa lógica.

Enfim, este número de Cadernos Metrópole pretende acolher contribuições, teóricas e empíricas, que girem em torno de temas e questões como essas, considerando que se trata, efetivamente, de uma nova fronteira – uma das mais importantes – de transformação da vida nas cidades do século XXI.

Data-limite para envio dos trabalhos: 10 de DEZEMBRO de 2024.

Chamada de Artigos: clique aqui.

Call for Papers: clique aqui.

Invitacion para Publicacion: clique aqui.

A Revista Cadernos Metrópole, que recebeu a qualificação máxima (A1) na última avaliação quadrienal Qualis Periódicos da CAPES (2017-2020), surgiu em 1999 como um dos principais produtos do Observatório das Metrópoles e tem como principal objetivo difundir os resultados da análise comparativa entre as metrópoles brasileiras. A revista é produzida em parceria com a EDUC (Editora da PUC-SP).

Conheça a história do nosso periódico nesse post da Scielo (clique aqui).