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A luta contra o colonialismo moderno atinge um marco crítico em 2025. É o que afirma o relatório intitulado “As custas de quem? A origem da riqueza e a construção da injustiça no colonialismo”, publicado pela Oxfam Internacional. O documento analisa a extrema desigualdade de riqueza no mundo, destacando suas raízes no colonialismo histórico e suas repercussões contemporâneas. Conforme previsão da Oxfam, com as tendências atuais, em uma década haverá cinco trilionários no mundo. Ao mesmo tempo, 3,6 bilhões de pessoas ainda vivem abaixo da linha de pobreza de US$ 6,85. Os principais argumentos apontam que a riqueza dos bilionários cresce de forma desproporcional, enquanto os avanços na redução da pobreza global estão estagnados. A Oxfam salienta que a maior parte da riqueza dos bilionários é “tomada, não conquistada”, resultante de herança, favoritismo e exploração estrutural, muitas vezes ligada ao colonialismo.

O relatório sugere uma série de ações para combater a desigualdade, como a implementação de impostos sobre a riqueza dos bilionários para financiar serviços públicos, reparações para aqueles afetados pelo colonialismo e a descolonização das instituições globais e do sistema econômico atual. “Essas estatísticas e conclusões ilustram a urgência de abordar a desigualdade global e suas raízes históricas, propondo soluções que envolvam tanto a responsabilização dos mais ricos, quanto a reestruturação das dinâmicas sociais e econômicas”, ressalta o coordenador nacional do INCT Observatório das Metrópoles, Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro.

Principais conclusões e estatísticas

Segundo Ribeiro, as principais conclusões do relatório da Oxfam estão relacionadas ao crescimento da riqueza dos bilionários, que desde 2020 cresceu em mais de 3,8 trilhões de dólares, enquanto uma em cada cinco pessoas no mundo vive em extrema pobreza. Sobre a desigualdade global, os 1% mais ricos possuem mais do que o restante da população mundial combinado. “Em particular, a Oxfam aponta que 2.640 bilionários possuem mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas”, observa o coordenador nacional do Observatório. Analisando o impacto do colonialismo, Ribeiro pontua que o relatório menciona a riqueza extraída do Sul Global – em grande parte devido a práticas coloniais –, continua a ser uma fonte de desigualdade, onde mais de 80% da riqueza dos bilionários é herdada ou obtida através de monopólios, favorecendo as elites históricas.

Sobre desigualdade de gênero, o relatório afirma que as mulheres realizam 12,5 bilhões de horas de trabalho não remunerado por dia, o que equivale a uma contribuição econômica global de cerca de 10,8 trilhões de dólares por ano. Finalizando as constatações, o relatório pontua as conexões com a crise climática. “A Oxfam analisou que os países mais afetados pela crise climática são, em sua maioria, aqueles que foram historicamente colonizados, com uma dependência econômica que perpetua a desigualdade”, salienta Ribeiro.

Divisão dos capítulos

O relatório está dividido em cinco capítulos e o primeiro aborda a herança colonial. De acordo com a Oxfam, em 2023, mais pessoas se tornaram bilionárias por herança do que por empreendedorismo. Paralelamente, será necessário mais de um século para acabar com a pobreza nas taxas atuais. Os próximos três capítulos exploram a relação entre o colonialismo e a extrema desigualdade de riqueza de forma detalhada, tanto em uma perspectiva histórica quanto moderna. Isso porque o capítulo 2 analisa o colonialismo histórico, refletindo sobre a desigualdade estar enraizada em uma história colonial de exploração capitalista, que submeteu centenas de milhares de pessoas à violência, assassinatos e genocídios.

O capítulo 3 examina o impacto do colonialismo atualmente, demonstrando que a herança do colonialismo pode ser vista no racismo e na divisão que permanecem explorando o mundo extremamente desigual e frágil. O capítulo 4 analisa alguns dos mecanismos pelos quais o colonialismo histórico e contemporâneo exerceu seu impacto, pontuando que o colonialismo pode ter terminado formalmente, mas as estruturas, sistemas e instituições que foram estabelecidos naquela época garantem que a herança de extrema desigualdade continue até hoje. Já o capítulo 5 apresenta recomendações para lidar com o impacto do colonialismo, examinando as ações que devem ser tomadas para escrever uma história nova e mais igualitária. Este capítulo afirma que o racismo deve acabar, assim como as formas antigas e novas de colonialismo que estão atrasando a humanidade.

A Oxfam é uma confederação internacional composta por 21 organizações que trabalham com parceiros e aliados, alcançando milhões de pessoas ao redor do mundo. O objetivo é enfrentar as desigualdades para acabar com a pobreza e a injustiça, tanto no presente quanto a longo prazo, por um futuro igualitário.

Acesse o relatório completo em: www.oxfam.org.br/forum-economico-de-davos/as-custas-de-quem