Acompanhe nesta quinta-feira, dia 12 de agosto, às 16:00, o segundo debate do Ciclo Cadernos Metrópole – Difusão Científica e Temas Emergentes. Com a presença de Pedro Jacobi (USP) e Angélica Alvim (Mackenzie), o debate abordará a relação natureza e produção capitalista do espaço, a partir do dossiê “A Metrópole e a Questão Ambiental“.
Publicado na Revista Cadernos Metrópole número 48, o dossiê organizado por Jacobi e Luciana Travassos (UFABC) apresenta importantes contribuições para a construção da prática e da teoria em planejamento e governança ambiental sob a égide que não dissocia a transformação da natureza da produção do espaço no capitalismo.
Com transmissão ao vivo pelo Youtube, o debate começará às 16:00 e será mediado por Lucia Bógus, editora científica da Cadernos Metrópole. A seguir, confira os principais pontos abordados na mesa de abertura do evento e a programação dos próximos debates.
Mesa de abertura do Ciclo Cadernos Metrópole aborda o tema “A Metrópole e a Covid-19: presente e futuro”
Para levar ao conhecimento público as reflexões sobre a questão metropolitana em suas dimensões sociais, econômicas e políticas, o Observatório das Metrópoles promove o Ciclo Cadernos Metrópole – Difusão Científica e Temas Emergentes, que teve início dia 05 de agosto e segue até 16 de setembro, todas as quintas-feiras, sempre às 16 horas, ao vivo no Youtube.
A mesa de abertura do evento abordou o tema “A Metrópole e a Covid-19: presente e futuro” e contou com a participação da editora científica da Revista Cadernos Metrópole, Lucia Bógus; do coordenador nacional do Observatório, Luiz Cesar Ribeiro; do médico sanitarista José Noronha; do geógrafo Ricardo Dantas; do urbanista Nabil Bonduki e do pesquisador da Universidade de Lisboa, Roberto Falanga. Noronha e Dantas são os organizadores do dossiê número 52, intitulado “Metrópole e Saúde”, lançado pela Revista Cadernos Metrópole, com reflexões sobre a metropolização e o processo de saúde e doença.
Segundo Ribeiro, a pandemia está colocando para o futuro a necessidade do reencontro entre os campos da ciência da cidade com a ciência da saúde. “Para proteger a sociedade nos momentos de crises sanitárias é necessário reformar a cidade e instituir um novo modelo de cidade”, pontuou. Para o urbanista Nabil Bonduki, a pandemia evidenciou uma série de questões para as cidades, que poderá ter um intenso processo de segregação e desigualdade. “Temos que formular políticas públicas para enfrentar essa situação”, salientou.
Sobre os locais de trabalho durante a pandemia, conforme o urbanista, quem teve acesso à internet foi privilegiado. “Há uma forte tendência que se tornem permanentes, a questão do home office, por exemplo, ou o sistema híbrido, vimos tudo isso com bastante presença em nossas cidades. As casas foram adaptadas para essas funções e ficaram independentes do local de trabalho”, discorreu Bonduki. Porém, segundo o urbanista, existem consequências para as cidades, que geraram uma quantidade enorme de edifícios corporativos ociosos. “Poderá significar uma transformação dessas áreas, desocupadas, ou a necessidade de passarem por processos de reabilitação urbana. Defendemos o uso misto, tanto residencial quanto uso para o trabalho”, observou.
Em sua fala, o geógrafo Ricardo Dantas, ressaltou a necessidade de tratar das desigualdades e distribuir os recursos públicos no enfrentamento à pandemia. “Por exemplo, reforçar o estímulo a arranjos cooperativos entre municípios. Se o Ministério da Saúde não atua nesse sentido, é o Governo do Estado quem devia fazer esse trabalho. Hospitais, rede de atenção primaria, tudo isso tem que estar atento e com capacidade de enfrentamento. Para quem está atuando na saúde pública, é fundamental juntar esforços e discussões em prol de uma construção de algo mais democrático e igualitário”, afirmou.
O pesquisador Roberto Falanga apresentou a experiência de Lisboa, que tem resolvido os problemas decorrentes da pandemia com uma iniciativa eficaz por parte do poder executivo local. Ele desempenhou um papel de investigação e consultoria para o planejamento do urbanismo e participação cidadã no auge da pandemia, com a realização de um ciclo de conferências e encontros sobre o tema. “O intuito deste encontro chamado Encontro do Urbanismo, composto por oito sessões, era proporcionar um debate alargado sobre os impactos da pandemia da covid-19 e, ao mesmo tempo, preparar ao máximo a cidade para o futuro pós-pandêmico, formulando recomendações que o executivo poderá adotar futuramente”, explicou. Todas as informações estão disponíveis no relatório “Encontro de Urbanismo 2020. COVID 19 – Preparar as Cidades para Riscos Globais”. A editora científica da Cadernos Metrópole, Lucia Bógus, salientou “os caminhos comuns e possibilidades efetivas para pensar a ciência da cidade e a ciência da saúde, que podem levar a caminhos novos àquilo que nos apresentam”.
De acordo com Luiz Cesar Ribeiro, a maior lição desse evento é a constatação da necessidade de pensar um encontro entre esses dois campos, a ciência e a cidade, com trabalho de pesquisa, mas também pensar uma estratégia de enfrentamento da crise sanitária e suas conexões. “Foi bastante virtuoso para que possamos fortalecer determinados projetos que coloquem na pauta novamente a ideia de desenvolvimento, estratégia e intervenção. A importância vem no sentido de que é um caminho virtuoso para derrotar essa visão ultraliberal que vem emergindo na sociedade brasileira. A reprodução da vida social, moral, que sustenta a própria vida biológica, depende das condições desse meio constituído, que é o meio urbano. É um ponto de partida para unificar essas duas pautas: a saúde e a urbana”, concluiu.
O Ciclo Cadernos Metrópole é o segundo evento do II Congresso Observatório das Metrópoles “O Futuro das Metrópoles e as Metrópoles no Futuro”, que pretende construir uma interpretação compartilhada sobre as mudanças em curso, pensar sobre a produção da rede e estabelecer estratégias de intervenção.
Programação
05/08 – Mesa de Abertura | A Metrópole e a Covid-19: presente e futuro
- Abertura: Lucia Bógus
- Organizador: Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro
- Convidados: José Noronha, Nabil Bonduki, Ricardo Dantas e Roberto Falanga
12/08 – Dossiê 01 | A Metrópole e a Questão Ambiental
- Organizador: Pedro Roberto Jacobi (Universidade de São Paulo)
- Debatedora: Angélica Benatti Alvim (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
19/08 – Dossiê 02 | A Metrópole e a Gestão das Águas
- Organizadora: Ana Lúcia Britto (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
- Debatedora: Ricardo Moretti (Universidade Federal do ABC)
26/08 – Dossiê 03 | Metropolização: Dinâmicas, Escalas e Estratégias
- Organizadora: Olga Freitas Firkowski (Universidade Federal do Paraná)
- Debatedora: Regina Tunes (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
02/09 – Dossiê 04 | Macroeconomia e Desenvolvimento Metropolitano, Regional e Local
- Organizador: Alexandre Abdal (Fundação Getúlio Vargas)
- Debatedora: Hipolita Siqueira de Oliveira (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
09/09 – Dossiê 05 | Disputas Político-Conceituais sobre a Governança Metropolitana
- Organizador: Alexsandro Cardoso da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
- Debatedor: Francisco Fonseca (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
16/09 – Dossiê 06 | O Ativismo Urbano Contemporâneo: resistências e insurgências à ordem urbana neoliberal
- Organizador: Luciano Fedozzi (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
- Debatedora: Lívia Miranda (Universidade Federal de Campina Grande)
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