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Este artigo da Revista e-metropolis nº 19 discute as transformações quem vêm atravessando as cidades contemporâneas nas últimas décadas, com foco nos processos socioespaciais de gentrificação, ligados à crescente homogeneização, fragmentação e hierarquização do espaço. Um dos focos da análise é o projeto Novo Recife.

O artigo “O Novo Recife: Identidade, espaço, cultura e as tramas do processo de requalificação e gentrificação de sua área central”, é um dos destaques da edição nº 19 da Revista eletrônica e-metropolis.

Abstract

The cities have undergone transformations since forever , especially since the period called by various thinkers of modernity , but in recent decades we have seen that are too intense and ever faster . These are increasingly difficult to be captured , assimilated and reflected much less . Socio-spatial processes like urban gentrification linked to increasing homogenization , fragmentation and hierarchy of space become increasingly common . It is observed in this work public policies focused to the promotion of urban development through the production of images – symbols – the city in the context of large urban projects spectacular , often associated with modernity , culture , identity and preservation of historical and architectural heritage. It examines the concepts and theories that can be used as references for understanding these phenomena.

Keywords : Modernity , Identity , Space , Culture, Gentrification

 

 

INTRODUÇÃO

As cidades têm passado por transformações desde sempre, principalmente, desde, aproximadamente, o século XVI onde começa o período intitulado por vários pensadores de Modernidade – Lefebvre, Simmel, Bauman, Harvey entre outros. Contudo, nas últimas décadas temos observado que são demasiadamente intensas e cada vez mais rápidas. Sendo assim cada vez mais difíceis de serem captadas, assimiladas e mais ainda refletidas. Não é possível pensarmos nas mudanças ocorridas no modo de produção capitalista de forma desconectada da maneira como o espaço é produzido, apropriado e dominado. As transformações não se dão mais somente na esfera da produção, mas hoje, principalmente, no âmbito do consumo, onde alguns já falam da emergência de uma sociedade do consumo (FEATHERSTONE, 1995; LEFEBVRE, 1978; JAMESON, 2006).

Isto é importante, pois o capitalismo vem escapando de suas crises de sobreacumulação através da produção do espaço (HARVEY, 2011) que dão sustentação ao modelo socioeconômico que reproduz um desenvolvimento desigual (SMITH, 1996; 2007). Concomitantemente a isto, nas metrópoles, têm se multiplicado discursos ligados à crise da cidade, sendo esta vista como espaço da criminalidade; violência; com abandono e degradação de seu patrimônio histórico-cultural e ambiental; decadência de suas infraestruturas; déficit habitacional; queda do emprego formal; ampliação da informalidade e ilegalidade e estrangulamento da mobilidade. Fatores esses que impedem, segundo estes discursos, seus cidadãos de usufruírem e/ou fluírem em sua cidade, e que manifestam a ascensão de um discurso do colapso do planejamento urbano moderno, substituído por um ajuste urbano correspondente ao ajuste estrutural da economia que, por sua vez, envolve uma fragmentação da ação política nas cidades, com ações cada vez mais pontuais, que em metrópoles desiguais como Recife exacerbam sua já latente segregação socioespacial.

Tudo isto somado a possibilidade de que tais políticas causem processos socio espaciais como os de nobilitação e/ou gentrificação urbana ligados à crescente fragmentação e diversificação da estrutura social, como também ao jogo do mercado imobiliário pouco regulado e com processos especulativos de valorização/desvalorização de uso do solo (BARATA SALGUEIRO, 1998; SMITH, 1996).

Assim, destaca-se a emergência de uma gestão ou governança urbana de cunho neoliberal que tem dado destaque a (re)produção de um espaço urbano cada vez mais homogeneizado, fragmentado e hierarquizado nas cidades (CARLOS, 2011; LEFEBVRE, 1992). Para isto temos a produção de grandes projetos de desenvolvimento urbano – GPDUs (MASCARENAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011) associado à iniciativa privada via inovações políticas, administrativas, financeiras e espaciais. Estes representam ícones ligados tanto à produção de novos espaços na cidade contemporânea, ou novas formas espaciais ligadas ao consumo, entretenimento e habitação, como também a refuncionalização ou requalificação de outros espaços tidos como degradados ou mal utilizados.

Observa-se neste trabalho a promoção de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento urbano através da produção de imagens – símbolos – de cidade no contexto de grandes projetos urbanísticos espetaculares, geralmente, associados a políticas culturais de identidade e de preservação do patrimônio histórico-arquitetônico, ou criação de grandes equipamentos públicos ligados a uma economia dos serviços e entretenimento, bastante solicitados em cidades que se propõem a serem destinos turísticos globalizados como Recife eleita subsede da Copa do Mundo de 2014 (ARANTES, 2009; HARVEY, 2005; JAMESON, 2006).

Assim aparece o objeto empírico de nossa pesquisa como um projeto que tende a dar um novo conteúdo à área central da metrópole de Recife, o Projeto Novo Recife. Alvo de polêmicas e de discussões calorosas, pelo menos ao âmbito de alguns representantes da sociedade civil organizada, tecnocratas e seus promotores, esse projeto aparece em um cenário de uma cidade que passa por uma mutação em suas estruturas, formas e funções que representam respectivamente um ímpeto e um chamado a mesma de se modernizar e seguir os passos de outras metrópoles pelo mundo afora, que responderam, ao seu tempo, aos chamados do processo de globalização e de ajuste estrutural de suas economias, e se metamorfosearam em cidades signos da Modernidade, ou, para alguns, já em uma pretensa Pós-Modernidade.

 

Leia o artigo completo “O Novo Recife: Identidade, espaço, cultura e as tramas do processo de requalificação e gentrificação de sua área central” na edição nº 19 da Revista eletrônica e-metropolis.

 

Última modificação em 07-02-2015