O projeto de pesquisa “Estrutura social das metrópoles brasileiras” é uma iniciativa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Observatório das Metrópoles, que busca aprofundar a compreensão do mundo do trabalho brasileiro para a construção da representação da hierarquia social das metrópoles brasileiras e, por conseguinte, para a realização da análise social do território metropolitano.
Uma das estratégias definidas para a pesquisa foi a revisão das categorias sócio-ocupacionais (CAT), esquema de estratificação social, a partir das ocupações dos indivíduos, que contou com a participação de representantes dos Núcleos Regionais do INCT Observatório das Metrópoles e especialistas externos.
O resultado dessa revisão é apresentado em um relatório organizado em quatro seções, incluindo a apresentação, os precedentes históricos e aportes teóricos das CAT, os critérios para a construção das novas CAT, estatísticas descritivas do país e a composição nas novas CAT, além das referências. O objetivo é que essas novas categorias possam melhor informar sobre a estrutura social contemporânea das metrópoles brasileiras.
Na revisão, a estrutura sócio-ocupacional foi construída a partir da agregação de ocupações das pessoas no mercado de trabalho como expressão de diferentes posições sociais, de modo a capturar a representação da hierarquia social das metrópoles brasileiras. Para tanto, alguns critérios de diferenciação foram incorporados, como: capital x trabalho, trabalho não-manual x trabalho manual, trabalho de comando x trabalho subordinado e, para algumas situações, trabalho público x trabalho privado e trabalho formal x trabalho informal. O esquema resultou em 35 categorias sócio-ocupacionais, que foram agrupadas nove frações de classe:
- Classe Dirigente
- Classe Média-Alta
- Classe Média-Média
- Classe Média-Baixa
- Proletários da Indústria
- Proletários dos Serviços
- Proletários da Produção do Ambiente Construído
- Subproletários
- Trabalhadores Rurais
Segundo Marcelo Ribeiro, coordenador do projeto e professor do IPPUR/UFRJ, a revisão é resultado de um amplo esforço da rede e possui grande importância para o desenvolvimento das pesquisas do Observatório das Metrópoles:
“Essas categorias sócio-ocupacionais sempre foram utilizadas no âmbito da rede de pesquisa para a realização da análise social do território metropolitano. É por meio da inscrição dessas categorias sócio-ocupacionais que consideramos como representação da estrutura social de cada uma das metrópoles, em que nós realizamos as análises sobre os padrões de segregação socioespacial. Portanto, trata-se de uma estrutura sócio-ocupacional que é fundamental para um dos principais trabalhos de pesquisa realizados no âmbito da rede do Observatório das Metrópoles, tendo em vista que a própria rede de pesquisa se constituiu a partir da realização de pesquisas comparativas entre diversas metrópoles do país, por meio dessa análise social do território metropolitano, em que se busca compreender os padrões de segregação socioespacial, a partir da inscrição da estrutura sócio-ocupacional ou das categorias sócio-ocupacionais no território físico de cada uma das metrópoles.”
Ribeiro ainda afirma que o relatório tem uma importância estratégica, pois permite compreender o modo como se estabelece a estrutura social contemporânea e os padrões de segregação socioespaciais atuais, diante das transformações econômicas, sociais e políticas que ocorreram no país nos últimos tempos:
“A publicação deste relatório de pesquisa tem uma enorme importância porque visa um processo de revisão e atualização das categorias sócio-ocupacionais, a partir das mudanças que ocorreram na economia em geral e no mundo do trabalho em particular. Isso porque, as categorias sócio-ocupacionais são empiricamente construídas a partir da variável ocupação do mercado de trabalho, em que nós buscamos construir uma representação de hierarquia social, portanto, uma tradução da estrutura social, por meio dessas categorias sócio-ocupacionais. E, na medida em que nós atualizamos essas categorias, temos melhores condições de analisar, tanto a estrutura social existente em cada uma das metrópoles do país, quanto os padrões de segregação socioespacial, na medida em que nós realizamos a análise social do território metropolitano, a partir da inscrição dessa estrutura sócio-ocupacional no espaço físico. O que nos permite, portanto, fazer análises sobre os padrões de segregação socioespacial em cada uma das metrópoles brasileiras.”
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