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Quito, capital do Equador, local onde será realizado o evento.

O INCT Observatório das Metrópoles divulga para o público brasileiro a convocatória do IV Seminário Internacional da Rede Latino-Americana de Pesquisadores em Teoria Urbana (Relateur), que tem como tema “A Produção da Cidade Latino-Americana no neoliberalismo”. O objetivo do encontro é elaborar uma proposta alternativa e crítica, construída a partir do Sul e orientada à produção de um teoria própria para as cidades da América Latina. O prazo para envio de resumos foi prorrogado até 31 de março de 2018.

O IV Seminário da Relateur será realizado no período de 12 a 14 de dezembro de 2018, em Quito/Equador. E conta com um Comitê Organizador, representado por Fernando Carrión Mena e Francisco Enríquez, ambos da FLACSO Equador.

Já os professores Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro e Orlando Alves dos Santos Jr., da Rede INCT Observatório das Metrópoles, integram o Comitê Científico do evento.

 

TEMA CENTRAL

O tema geral do seminário remete a leituras teóricas críticas dos processos urbanos latino-americanos, a partir de três linhas centrais: 1) reconhecer, analisar e criticar os processos de transformação das formas de urbanização no contexto da globalização e a crise do neoliberalismo; 2) analisar os processos de produção e re-produção do urbano e o papel do capital imobiliário-financeiro e do Estado; e 3) crítica às formas como se tem “adjetivado” a cidade a partir de denominações que incluem desde “cidade global” até propostas como cidade “educadora”, “sustentável”, “competitiva”, “includente” e outras que constituem um sem fim de qualificações à cidade atual.

O seminário pretende dar continuidade a temas transversais que têm sido linhas condutoras de debates e propostas nos seminários anteriores e, neste caso, enfatizar as análises dos processos atuais de produção e re-produção das formas urbanas latino-americanas e seus atores fundamentais.

Os temas particulares são os seguintes:

1) Novas formas da urbanização capitalista no neoliberalismo e sua globalização: conceitos em torno das novas formas urbano-regionais na América Latina resultantes das mutações das estruturas internas, da expansão periférica, da revalorização dos centros históricos e novas centralidades, os assentamentos ou cidades por processos turísticos etc.

2) As mutações dos processos de reprodução social da cidade neoliberal latino-americana: análise da recomposição sócio-territorial de classes e grupos (novas formas de segregação e fragmentação, informalidade, desigualdade e pobreza extrema); o emprego e a mobilidade laboral; a violência urbana; espetáculo, cultura e vida urbana etc.

3) A produção e reprodução da cidade neoliberal: revisão crítica dos processos de privatização e mercantilização dos bem e serviços urbanos; a mercantilização do solo; a transnacionalização do capital imobiliário-financeiro e a financeirização; as novas formas urbanas centrais e periféricas; a reestruturação urbana etc.

4) O pensamento urbano neoliberal e a despolitização da teoria: análise crítica das construções ideológicas neoliberais sobre o urbano e seus efeitos de despolitização na pesquisa, incluindo diversas adjetivações da cidade (cidade do conhecimento, smart city, @polis, cidade informacional, cidade inteligente etc), mediante sua confrontação com o funcionamento concreto das cidades latino-americanas.

5) Conflitos e governança da cidade neoliberal: teorizações acerca dos conflitos urbanos presentes na cidade neoliberal latino-americana e as respostas dadas por diferentes setores sociais, incluindo o movimento urbano popular, as formas de negociação empreendidas pelo Estado e o capital.

CALENDÁRIO

— Apresentação de resumos: até 31 de março de 2018 (PRAZO PRORROGADO)

  Publicação na página www.relateur.org dos resumos aprovados: 15 de abril de 2018

— Data limite para envio de propostas completas: 28 de setembro de 2018

— Publicação do programa do seminário na página web www.relateur.org: 15 de outubro de 2018

Para mais informações, acesse no link o EDITAL completo.

RELATEUR

A Rede Latinoamericana de Pesquisadores sobre Teoria Urbana foi criada com a proposta de incentivar a formação de um pensamento teórico-crítico latino-americano sobre a problemática urbana da região, promover o intercâmbio de conhecimentos e o desenvolvimento de estudos comparados relacionados às grandes cidades da América Latina.

O INCT Observatório das Metrópoles integra a Relateur desde a sua formação.

A investigação sobre os temas urbanos na América Latina teve um significativo crescimento a partir dos anos sessenta do século XX, quando se fizeram evidentes os problemas sociais e territoriais derivados do processo acelerado de urbanização impulsionado pela industrialização em substituição as importações.

Desde então, as pesquisas têm estado submetidas a uma dupla influência: a das grandes teorias explicativas da sociedade e suas oposições; e as formulações teórico-metodológicas específicas sobre o urbano – elaboradas nos países desenvolvidos da Europa e América do Norte e que se impõem na América Latina e outras regiões do mundo graça ao poder dos meios de difusão editorial e outros mecanismos de domínio cultural. A partir desses anos, também foram feitos esforços muito significativos para elaborar conceitos e teorizações que explicassem tanto a própria realidade urbana e regional latino-americana, como suas relações com os processos homólogos nos países dominantes da sociedade-mundo.

Com o advento do pós-modernismo e da globalização neoliberal, prosperaram na investigação urbana e regional latino-americana duas tendências de natureza diversa: de um lado, a fragmentação contínua e sucessiva dos campos da teoria e da investigação, gerando múltiplas parcelas de conhecimento carentes de relação com o todo urbano e social, e com as grandes teorias elaboradas nos países hegemônicos para explicar suas realidades que se difundem e aplicam acriticamente e se consideram as particularidades e diferenças, a todos os territórios do planeta e, em particular, do continente latino-americano.

Ao mesmo tempo, o debate teórico que gerou grandes frutos no passado, se enfraqueceu notoriamente devido à presença esmagadora de uma única verdade neoliberal, a aceitação “realista” da impossibilidade de transformação social, ou a uma variante deformada do direito de expressão que inclui a crítica. Acentuou-se também na América Latina a presença hegemônica das pesquisas e das teorizações importadas, presentes nos editoriais e revistas, nos congressos internacionais, na docência, nas consultorias acadêmicas e políticas, a qual se pode qualificar de novo colonialismo intelectual.

“Pelo que foi visto no passado, consideramos necessário hoje empreender um esforço sistemático tendente à formação, ao desenvolvimento, à integração e à difusão de um pensamento teórico crítico que explique o urbano na América Latina a partir de nossas próprias realidades, suas generalidades e suas particularidades, tomando o que foi produzido no passado sobre a região, e mediante um debate aberto e respeitoso, plural, aplicando a ferramental da crítica aos modelos e teorias elaboradas para outras realidades e aplicadas sem critérios científicos a nossas”, explica o professor Emílio Pradilla Cobos (UAM-X) e completa: “A criação da rede tem sido um instrumento muito útil neste processo, ao estabelecer uma comunicação plural, permanente e duradoura entre aqueles que a integram, em termos de experiências, processos de investigação e resultados do trabalho”.

Para o professor Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, a construção de uma teoria urbana da América Latina passa por três atitudes possíveis: a primeira, política; a segunda é epistemológica e a terceira, teórica. “A atitude política significa empreender uma sociologia crítica da circulação internacional e assimétrica das ideias e dos ideais dos países do Norte para o Sul, com o objetivo de entender os mecanismos, instituições e processos pelos quais, no campo do planejamento urbano, os problemas de pesquisa, categorias e conceitos são exportados e absorvidos como naturalmente universais. Outra dimensão da atitude política é ter como referência um projeto utópico, pois não há teoria que não esteja dialogando, de maneira implícita ou explícita, com outro tipo de sociedade”, afirma.

Acesse o site da Relateur.