Skip to main content

Judite Sanson de Bem¹
Moisés Waismann²

Com uma população estimada para o ano de 2021 em 1.492.530 pessoas (IBGE, 2022), Porto Alegre tem como data oficial de fundação 26 de março de 1772, assim, completa neste mês de março seus 250 anos com um problema que se coloca à toda cidade de grande porte: a constância em reduzir o problema do desemprego³.

Desde o ano de 2020, quando do início da pandemia, a mesma tem enfrentado um aumento dos desligamentos em todos os diferentes segmentos produtivos. Se trabalharmos com os dados do último trimestre de 2021, percebe-se que houve um estoque negativo de aproximadamente 1000 desligamentos acima das contratações, sendo o setor serviços (educação, transporte e armazenamento) o maior responsável. A construção civil também teve forte impacto em termos absolutos no emprego da capital gaúcha. Aqui cabe resgatar que este setor é relevante se tratando de contrações e desligamentos, pois concentra uma parte significativa de pessoas. Embora no Brasil o setor tenha apresentado um saldo líquido positivo em 2021, em Porto Alegre o mesmo não se verificou (-0,68%).

Mas não é só neste setor que apresentam-se as diferentes dificuldades: a capital tem a maior parte de seu valor adicionado bruto (80%) no setor de serviços (exclusive administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social), segundo o IBGE, o que eleva os problemas quando alguns segmentos entram em crise, como é o caso ocorrido com bares, restaurantes, supermercados, comércio de roupas e vestuário, além de estabelecimentos ligados à cultura, que foram extremamente afetados com a pandemia.

Neste cenário, os trabalhadores mais prejudicados são aqueles com ensino médio completo, seguidos do ensino superior, com uma faixa de idade entre 18 e 24 anos.

A indústria da construção civil em Porto Alegre também foi afetada, em específico a construção de serviços especializados e infraestrutura o que não se verificou na construção de edifícios.

Assim, retratando 2021, o município teve a 2ª menor taxa de desemprego do Brasil, conforme o IBGE. Estas dificuldades são do país como um todo, pois além dos desempregados há uma informalidade ao redor de 40% da população ocupada brasileira, sendo o RS (33%) e os desalentados são mais de 1,5%.

Por faixa de rendimento salarial x sexo em Porto Alegre, a Tabela 1 e Gráfico 1 trazem outra realidade.

Os dados mostram que o número de homens sem rendimentos é maior que o de mulheres. Todavia, na faixa de 1 a 2 salários-mínimos (SM), vê-se um número mais expressivo de mulheres que homens, enquanto acima de 2 salários-mínimos (SM), fica notória a decrescente presença de mulheres, sendo o número de homens três vezes maior que o de mulheres recebendo 20 ou mais salários-mínimos.

A grande maioria da população, indiferente do sexo, encontrava-se na faixa de rendimento de 1 a 2 salários-mínimos (SM) no município de Porto Alegre no 4º trimestre de 2021. Também é importante ressaltar, ao visualizar os dados apresentados, que apenas uma parcela ínfima da população do município incorpora os rendimentos mais elevados.

Logo, em 2022 o município tem grandes desafios: não apenas recuperar estas vagas que foram fechadas ao longo dos últimos dois anos de pandemia, mas também ampliar a sua qualidade, dado o aumentou do número de subocupados, informais ou por conta própria, sem CNPJ.

Veja também:

____________________________________________________________________

¹ Professora no Programa de Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais da UNILASALLE. Pesquisadora Observatório da Metrópoles Núcleo Porto Alegre.

² Professor no Programa de Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais da UNILASALLE. Pesquisador Observatório da Metrópoles Núcleo Porto Alegre.

³ Agradecemos a colaboração dos Bolsistas de Iniciação científica da UNILASALLE dos Prof. Moisés Waismann e Judite Sanson de Bem pela busca dos dados na PNADc.

REFERÊNCIAS

IBGE. Sala de Imprensa. Brasília. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/33033-pnad-continua-trimestral-desocupacao-recua-em-15-das-27-ufs-no-4-trimestre-de-2021

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=series-historicas