O Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC Minas e a Diretoria de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte promovem o seminário Bairros Históricos de Belo Horizonte: Patrimônio Cultural e Modos de Vida. Trata-se da apresentação de uma pesquisa de mesmo título, que vem sendo realizada por pesquisadores da PUC e técnicos e pesquisadores da Diretoria de Patrimônio. Esta pesquisa é financiada pela FAPEMIG e conta com apoio e a parceria do Observatório das Metrópoles.
Os bairros selecionados para o estudo foram: Floresta e Santa Tereza, Lagoinha e Bonfim e Carlos Prates e Padre Eustáquio. Como a investigação ainda está em andamento, o seminário apresentará os primeiros resultados para os bairros da Floresta, Santa Tereza e Lagoinha, além de discutir os pressupostos e as hipóteses que orientam a investigação.
São dois os seus principais desafios. Pensar como proteger o patrimônio cultural dos bairros situados no anel pericentral da cidade e como articular as dimensões materiais (patrimônio construído) com a dimensão chamada de imaterial (modos de vida).
Em função da natureza do tema, sua equipe tem formação multidisciplinar, nas áreas da sociologia, arquitetura e história. Além disso, integra pesquisadores com trajetória mais acadêmica, vinculados à pós-graduação com técnicos que atuam diretamente com a formulação e implementação da política de patrimônio em Belo Horizonte.
Os bairros estudados, que na pesquisa estamos chamando de “bairros históricos”, foram formados nas primeiras décadas da cidade, mas em vez de abrigarem os funcionários públicos, como ocorreu em parte da zona urbana, abrigaram os imigrantes e diversos outros trabalhadores. Por isso mesmo, suas histórias de origem estão muito vinculadas à própria formação e construção da nova capital.
Mas, diferentemente do que ocorreu na zona urbana, não sofreu um intenso processo de substituição de casas por prédios e, principalmente, de função residencial para comercial. Tudo isso contribuiu para a manutenção de um patrimônio tanto arquitetônico, quanto cultural, representado por modos de apropriação do espaço e por relações de vizinhança de caráter mais tradicional. Em diversos momentos a população desses bairros se manifestou pela sua preservação, expressa de diferentes maneiras, seja como patrimônio cultural, manutenção das características residenciais, contra a verticalização, entre várias outras.
Uma de nossas hipóteses é que, apesar dos avanços na concepção e nas práticas de proteção ao patrimônio urbano municipal e de todo um movimento de descentralização e democratização da política cultural, a proteção aos bairros situados fora da zona urbana encontra uma série de dificuldades, entre elas a de reconhecer, como patrimônio da cidade, as áreas fora do seu espaço central e com características de ocupação e maneiras de percepção distintas. Portanto, um dos principais desafios da pesquisa é compreender as dificuldades práticas e conceituais relativas a expansão de conceitos, instrumentos de proteção e áreas reconhecidas como patrimônio cultural na cidade.
Última atualização em Qua, 10 de Março de 2010 17:27