O 47º Encontro Anual da ANPOCS, que ocorreu entre os dias 18 a 27 de outubro de 2023, contou com a participação de pesquisadores da rede INCT Observatório das Metrópoles.
O Núcleo Porto Alegre esteve representado pela coordenadora do núcleo, professora Vanessa Marx (UFRGS), que participou da mesa redonda “Novas Agendas Urbanas: conexões internacionais e feixes de poder”, coordenada por Roberta Guimarães (PPGSA/UFRJ), e que contou com a participação de Rogerio Proença Leite (UFS). A mesa teve como objetivo divulgar e debater os temas do dossiê número 57 (2023) “Novas agendas urbanas” da Revista Cadernos Metrópole. Partiu-se do argumento que as cidades brasileiras acumulam, há muitas décadas, problemas em relação à moradia e ao déficit habitacional, ao transporte público, ao saneamento básico, à democratização dos espaços públicos, entre outros.
“O desafio parece então colocarmos a política urbana no centro das discussões, e não mais de forma periférica, já que é nas cidades que as pessoas vivem e compartilham seus sonhos, projetos de futuro, lutas e resistências. O direito coletivo à cidade, o direito ao reconhecimento das múltiplas urbanidades e a indução do Estado e da política urbana nacional surgem como tópicos fundamentais. Com a intenção de projetar esse debate, aproveitamos para lançar e debater o dossiê “Novas agendas urbanas” na Cadernos Metrópole n. 57 (2023) e refletirmos sobre três dimensões relacionadas às atuais questões da urbanização e da globalização: a) a criação de novas agendas urbanas no contexto do neoliberalismo e da internacionalização das cidades; b) o papel dos organismos internacionais como agentes de conexão entre diferentes nações e cidades; c) os conflitos, as disputas de poder e as demandas por políticas de reconhecimento e de distribuição de recursos nos territórios das urbes”, afirma Vanessa.
O Núcleo Natal esteve representado através da professora Lindijane Almeida, atual diretora do Instituto de Políticas Públicas da UFRN e diretora de pesquisa da ANEPECP (Associação Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão do Campo de Públicas), na coordenação do GT27, intitulado “Campo de Públicas e as Ciências Sociais: interfaces e agendas” junto com o professor Fernando Abrucio (FGV). O GT teve por objetivo fomentar o debate sobre a pesquisa no Campo de Públicas e sua interpelação com as Ciências Sociais. A iniciativa teve como finalidade aglutinar estudos e pesquisas que aprofundem o debate teórico sobre o campo, do ponto de vista interdisciplinar e multidisciplinar, hoje presente na academia brasileira. Nas últimas décadas, o diálogo entre diversas áreas de conhecimento gerou, nitidamente, um lócus caracterizado pelo interesse público, repercutindo no surgimento de cursos de graduação em gestão de políticas públicas, gestão pública, políticas públicas, entre outras denominações (como o Curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Social e Econômico do IPPUR), para além dos cursos de administração pública, cuja identidade coletiva é a formação acadêmica tecnopolítica. O GT teve como debatedores a professora Gabriela Lotta (FGV) e André Marenco (UFRGS) e recebeu excelentes trabalhos.
Além da coordenação do GT 27, a professora Lindijane foi debatedora na mesa redonda (MR55) “Mobilização social e pandemia: analisando o ativismo em tempos extraordinários” e no Colóquio (CL04 – ABCP) “O novo cenário da política brasileira” na sua segunda sessão, “O novo cenário das políticas: políticas públicas e política externa como política pública”. O Núcleo Natal também contou a apresentação de trabalhos em várias sessões de GTs, como os apresentados pela professora Ana Vitória Fernandes, Lindijane Almeida, Terezinha Barros e Zoraide Pessoa, além de discentes membros do núcleo.
O Núcleo do Rio de Janeiro organizou dois grupos de discussão, sendo um SPG e um GT. O GT28 “Cidades e Democracia em Disputa” foi coordenado por Taísa Sanches (IPPUR/UFRJ) e Luciano Fedozzi (UFRGS), que não pôde participar presencialmente. O GT procurou unir análises acerca das disputas por democratização das cidades frente ao avanço do capitalismo neoliberal e refletir acerca da necessidade de repensarmos o planejamento urbano a partir de novas imaginações, tecendo conceitos que sejam capazes de apoiar a reconstrução da democracia e a transformação do cotidiano das populações urbanas, fundamentais ao debate acerca do direito à cidade. Foram recebidas 25 propostas para apresentação e aceitos 15 artigos, divididos em 3 sessões temáticas (Cidades e Democracia em disputas discursivas; Movimentos sociais e insurgências urbana; e Democracia, políticas públicas e institucionalização). Ao longo das sessões, apresentaram-se pesquisas desenvolvidas nos Núcleos Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Norte Fluminense. O GT contou com Orlando Santos Júnior (IPPUR/UFRJ), Humberto Meza (UENF) e Adriane Ferrarini (Unisinos) como debatedores.
O SPG32 “Política Local: a política do urbano e as políticas no urbano no Brasil” foi coordenado pelos pesquisadores Filipe Souza Corrêa (IPPUR/UFRJ) e Richardson Camara (UFRN). Esse simpósio está em seu terceiro ano de organização e contou com com a colaboração do pesquisador Erick Omena de Melo (IPPUR/UFRJ) como debatedor. Essa iniciativa nasceu dos desdobramentos das discussões no âmbito do projeto Regimes Urbanos e Governança Democrática. O SPG contou com a apresentação de 5 trabalhos oriundos de instituições de diferentes regiões do país: PUC-SP, UFABC, UFRN, UnB e UFPR. A proposta da sessão foi refletir sobre os processos políticos que se desenrolam em nível local, com foco nas mudanças recentes das dinâmicas de exercício do poder nas esferas municipal, intermunicipal (metrópole) e intramunicipal (bairros), tendo em vista a conjunção de dois fenômenos: 1) o recrudescimento da agenda neoliberal na escala global, com projetos políticos cada vez mais voltados para os interesses dos agentes de mercado; e 2) a agudização da crise do regime democrático liberal, indicada pela recente ascensão de governos nacionais com inclinações autoritárias em diversos continentes e por crescentes contestações populares quanto à legitimidade das instituições políticas estabelecidas.
O INCT Observatório das Metrópoles possui um histórico de intensa atuação nos encontros anuais da ANPOCS, e esse ano a participação se fortaleceu com o diálogo entre os núcleos e a centralidade do debate acerca das cidades, territórios e políticas públicas como temas fundamentais para as Ciências Sociais.