Em texto para a revista Carta Capital, Celso S. Carvalho¹ do BrCidades, fala sobre os recentes episódios de desastres relacionadas com as fortes chuvas que atingiram Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo o autor, quase nada é natural nesses episódios: decorrem do processo privado de construção da cidade.
Os desastres construídos e a disputa entre o público e o privado
Todo ano é o mesmo cenário, com as cidades sofrendo com os desastres denominados naturais. Nada mais falso. Nesses desastres, quase nada é natural: nem a chuva intensa, influenciada pelas ilhas de calor que se formam nos bairros sem arborização, pelo desmatamento da Amazônia e pelo aquecimento global devido a uma economia que se apoia no consumo de combustíveis fósseis; nem o escoamento das águas pela superfície impermeabilizada da cidade; nem o sistema de drenagem de águas pluviais que faz com que a água chegue rapidamente aos rios; nem a canalização dos cursos d’água para implantação de avenidas de fundos de vale; nem a ocupação das várzeas dos rios, por moradias e pelo sistema viário.
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¹Celso S. Carvalho é engenheiro civil, mestre e doutor em engenharia pela POLI-USP. É ex-diretor do Ministério das Cidades ( 2005 – 2014), ex-chefe da Secretaria do Patrimônio da União em Santos ( 2015-2017).