Escrito por Fernanda Petrus, pesquisadora do Observatório das Metrópoles, o livro “Ocupação Solano Trindade. O espaço comum e o trabalho coletivo: das práticas concretas a uma agenda atualizada para a Reforma Urbana” trata da produção do espaço comum e da organização do trabalho coletivo nos empreendimentos habitacionais produzidos por autogestão. Resultado de seis anos de trabalho de campo, a publicação busca ampliar a visão sobre as práticas concretas dos movimentos populares no campo da autogestão habitacional.
As análises foram realizadas, em primeiro plano, a partir dos processos acumulados na Ocupação Solano Trindade, organizada pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) no município de Duque de Caxias, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A atuação na Ocupação, através da extensão universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelou que a produção dos espaços comuns foi orientada, principalmente, pela ação coletiva e pelo trabalho autogestionário com vista à sustentabilidade econômica das famílias envolvidas. As noções de “comum” e de “economia solidária” foram utilizadas como categorias analíticas para associar o direito à cidade ao direito ao trabalho digno na construção de uma outra cidade, orientada pelo bem-estar de todos. Assim, o objeto da pesquisa se desdobrou, em segundo plano, em uma análise de outras iniciativas de trabalho associativo organizadas pelos trabalhadores em empreendimentos habitacionais no Brasil.
No livro, as experiências concretas de produção do espaço urbano por autogestão são entendidas como insumos para pensar a atualização da agenda da reforma urbana. Nessa atualização a dependência recíproca entre o direito ao trabalho e o direito à cidade se estabelece como tema estratégico para lutas futuras.
Conforme expõe Cláudio Rezende Ribeiro (PROURB/UFRJ) no prefácio do livro:
(…) temos em mãos um texto que aborda, de maneira articulada, dois temas determinantes para uma necessária ampliação da agenda da reforma urbana: o direito à cidade e o direito ao trabalho. Originalmente no texto lefebvriano, a relação entre estes campos está na gênese do direito à cidade, mas é faceta pouco explorada de um conceito que se disseminou e acabou sendo apropriado, inclusive, por grupos que reivindicam o desaparecimento da própria classe trabalhadora enquanto categoria analítica e sujeito social.
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Fernanda Petrus é arquiteta e urbanista, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROURB/UFRJ). É pesquisadora-extensionista do Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec/NIDES) e integrante do grupo de pesquisa Habitação e Cidade do Observatório das Metrópoles. Atua, desde 2014, na Ocupação Solano Trindade, realizando atividades de extensão universitária e assessoria técnica.