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Lívia Miranda e Themis Aragão
Pesquisadoras do INCT Observatório das Metrópoles

No mês de janeiro, pesquisadores e pesquisadoras integrantes dos 18 Núcleos Regionais iniciaram o projeto “Observatório das Metrópoles nas Eleições: um outro futuro é possível”. A iniciativa mobilizou a capacidade de discussão e reflexão da rede com a produção de 240 artigos de opinião, publicados em diversos veículos de comunicação locais e nacionais. A cada mês, um tema foi objeto de reflexão do INCT Observatório das Metrópoles, com o objetivo de incidir na agenda pública, no momento eleitoral deste ano. Seguindo a programação estabelecida, na segunda quinzena de julho o último tema abordado foi “Transição Ecológica”.

Um dos principais desafios para as cidades brasileiras é a adaptação aos impactos das mudanças climáticas em curso. Nos últimos anos, desastres naturais afetaram várias regiões do país, a exemplo da região sul da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Petrópolis, Angra dos Reis e Paraty, o litoral de Pernambuco, Paraíba e Alagoas e, mais recentemente, o estado do Rio Grande do Sul. Em todos esses casos, os prejuízos materiais, socioambientais e as perdas humanas atingiram principalmente às comunidades mais vulneráveis.

Em um contexto em que as políticas neoliberais são hegemônicas, a emergência climática desafia os governos a promoverem políticas públicas preventivas e adaptativas para tornar os territórios mais resistentes e adequados aos contextos ambientais. No entanto, a falta de respeito às leis ambientais e os cortes de verbas destinadas à prevenção de desastres têm sido fatores decisivos no aumento dos impactos gerados por eventos climáticos. Portanto, é preciso desnaturalizar os desastres e mostrar que a ineficiência do Estado em lidar com ações de adaptações e mitigações do risco ambiental vitimiza as populações mais vulneráveis de forma mais acentuada.

A transição ecológica nas cidades envolve a adoção de práticas sustentáveis e adaptativas que promovam o uso eficiente dos recursos naturais, contribuam para a redução da dependência de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa. Em um contexto de eleições municipais, é essencial priorizar agendas políticas que pautem a mobilidade urbana com transporte público de massa e médio porte de qualidade, um urbanismo sensível à água, programas de arborização, assim como o saneamento sustentável. Em nosso contexto climático, os cidadãos devem buscar candidatos que tragam projetos concretos para as cidades, e que prezem por uma cidade mais igualitária e comunitária, onde os interesses econômicos não suplantem a necessidade de resgatarmos ambientes seguros e saudáveis. Esta é uma oportunidade para estruturar políticas estratégicas que promovam medidas adaptativas, o uso de energias renováveis, transporte público eficiente, construção de infraestruturas verdes, gestão das águas e resíduos, entre outras ações. E que tudo isso venha articulado com uma ampla participação dos cidadãos.

Foto: Mayke Toscano (SECOM MT).

Confira os artigos publicados este mês: