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Qual a relação entre o agronegócio e a urbanização na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)? Para identificar e compreender algumas das principais tendências de transformação de uma das regiões metropolitanas mais importantes do Brasil, Denise Elias, Renato Pequeno e Felipe Rodrigues Leitão lançaram o livro “Estudos sobre Agronegócio e Urbanização: a Região Metropolitana de Fortaleza (CE)”, em parceria com a Editora Letra Capital. A obra está disponível para download na Biblioteca Digital do site do INCT Observatório das Metrópoles.

Segundo Denise Elias, algumas atividades agropecuárias estão passando por uma reestruturação produtiva, difundindo o modelo do agronegócio, afetando o uso e a propriedade da terra e a estrutura fundiária. “De um lado, temos a territorialização do capital do agronegócio no espaço agrícola da região metropolitana e, de outro, a monopolização de parte desse espaço pelo capital da agroindústria alimentar, o que explica muitas das relações entre as cidades e o campo, além de influenciar a reestruturação urbana e regional. Por outro lado, Fortaleza é o principal centro de gestão do agronegócio no Ceará, portanto, entender o agronegócio é essencial para compreender parte da economia e da urbanização da RMF”, pontua.

Maior aglomerado urbano do Ceará, a RMF abrange 19 municípios. Segundo o Censo Demográfico de 2022, a região abriga cerca de 3,9 milhões de pessoas, correspondendo a aproximadamente 45% da população do estado e 63% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Como Fortaleza é a principal metrópole regional do Nordeste, possui uma importância econômica que vai além das fronteiras do Ceará. Sua região de influência supera os 20 milhões de habitantes, chegando a outros estados do Nordeste e do Norte do Brasil. Além disso, a capital cearense detém o maior PIB municipal da região Nordeste e ocupa a 9ª posição no ranking nacional.

Conforme a autora, a RMF é caracterizada por uma área urbana concentrada, incluindo principalmente Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Eusébio, que são altamente urbanizadas. Os demais municípios têm um baixo adensamento urbano, mais restrito às respectivas sedes, com predomínio de espaços rurais e de atividades agropecuárias.

Colheita de Algodão em Limoeiro (CE). Foto: Guia do Ceará, Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) do Estado do Ceará.

O prefácio da obra foi escrito pelo coordenador nacional do INCT Observatório das Metrópoles, Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro e pelo pesquisador Nelson Diniz. Intitulado “Além do Tech, do Agro e do Pop: desvendando o novo Brasil”, o texto aponta as diferenças entre o Brasil do século XXI e o Brasil da maior parte do século XX. Para Ribeiro e Diniz, essa nova realidade ainda enfrenta dificuldades para se consolidar como uma visão amplamente aceita pela sociedade, pela política e pela academia, além de ser uma referência crucial para entender o presente e projetar o futuro do país. Segundo eles, o livro examina casos que revelam tendências amplas e generalizáveis. “A extensa pesquisa dos autores sobre o Ceará e a Região Metropolitana de Fortaleza oferece uma visão representativa do Brasil do século XXI. O país, ainda mais dependente e dominado por diversas formas de rentismo, é fortemente influenciado pelo agronegócio. Portanto, o que é analisado na obra reflete uma realidade mais ampla e atual do Brasil”, salienta Diniz.

De acordo com Ribeiro, para entender o Brasil atual, é essencial considerar a importância das “cidades do agronegócio” – áreas urbanas não metropolitanas ligadas à reestruturação da agropecuária e à expansão da economia e da sociedade do agronegócio. “Ao mesmo tempo, é crucial analisar os efeitos e a dinâmica específica da expansão do agronegócio nas áreas metropolitanas. Com essa abordagem do livro, é possível obter uma visão mais clara do Brasil do século XXI, um país que precisa encontrar um caminho alternativo além do “tech”, do “agro” e do “pop””, conclui o coordenador nacional da rede.

Sumário

  • Prefácio – Além do Tech, do Agro e do Pop: desvendando o novo Brasil. Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro e Nelson Diniz
  • Pensando o agronegócio na Região Metropolitana de Fortaleza: à guisa de introdução. Denise Elias
  • Capítulo 1 – Ceará: reestruturação econômica e nova economia política da urbanização. Denise Elias e Renato Pequeno
  • Capítulo 2 – A Região Metropolitana como recorte espacial para estudos sobre o agronegócio: questões de método e metodologia. Denise Elias
  • Capítulo 3 – O que há de agrário na Região Metropolitana de Fortaleza? Denise Elias, Renato Pequeno e Felipe Rodrigues Leitão
  • Capítulo 4 – Avicultura na Região Metropolitana de Fortaleza: produção, agentes e dinâmicas socioespaciais. Denise Elias, Felipe Rodrigues Leitão e Renato Pequeno
  • Capítulo 5 – Agroindústria alimentar: epicentro do agronegócio no Ceará. Denise Elias
  • Capítulo 6 – Agronegócio e relações campo-cidade no Ceará. Denise Elias e Felipe Rodrigues Leitão
  • Capítulo 7 – Agronegócio e economia urbana na Região Metropolitana de Fortaleza (CE). Denise Elias e Felipe Rodrigues Leitão

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