Em que medida as políticas habitacionais no México podem representar um sinal para pensarmos a experiência habitacional brasileira? Reportagem do Jornal Los Angeles Times mostra o fracasso da política mexicana de querer elevar o nível de vida de suas massas trabalhadoras por meio da moradia.
O governo mexicano começou, há dezesseis anos, uma campanha monumental por meio da associação com empresas privadas para construir moradias acessíveis em grande escala (algo similar a experiência do Programa Minha Casa Minha Vida). Para essa empreitada, investidores globais — como o Banco Mundial, as grandes fundações e as empresas financeiras de Wall Street investiram milhares de dólares.
O resultado foram vastos conjuntos habitacionais que surgiram, segundo o Los Angeles Times, entre pastos de vacas, campos e velhas fazendas — ou seja, habitações construídas nas franjas urbanas, em áreas limítrofes e sem infraestrutura urbana. De 201 a 2012, estima-se que 20 milhões de pessoas — uma sexta parte da população do México — abandonaram cidades, bairros marginais e zonas rurais em busca da promessa de uma vida melhor.
Aquele contexto representou um momento chave para o México — que queria gerar provas de que, cada vez mais, era uma próspera nação, com ambições de primeiro mundo. Porém, o México em pouco tempo se viu diante de um grande fracasso, já que não conseguiu criar áreas de subúrbio ordenadas.
De acordo com a reportagem, o programa habitacional se converteu em uma catástrofe social e financeira em câmera lenta, infligindo dificuldades diárias e perigo a milhões de pessoas que vivem em complexos habitacionais cheios de problemas por todo o país.
“Os proprietários têm que sair com suas cobertas para buscar água nos caminhões. Dentro de muitas casas, os tetos gotejam, as paredes têm fendas e as instalações elétricas têm problemas, provocando incêndios que fazem que as famílias tenham que sair”.
A reportagem do Los Angeles Times, além de descrever o cenário decadente das habitações populares mexicana, mostra que essa política se baseou em fundos privados; que os ativistas em defesa da população foram perseguido pelo próprio governo; que o ciclo vicioso das hipotecas estrangula a população mais pobre; e que as casas construídas — muitas delas não têm qualidade para atender a população.
O INCT Observatório das Metrópoles divulga a reportagem “La debacle de la vivienda en México”, produzida pelo Los Angeles Times, por entender que esse fracasso habitacional no México ecoa sobre a experiência brasileira, já que o Programa Minha Casa Minha Vida também foi respaldado também pela participação privada. O que gerou problemas estruturais nas moradias, a periferização dos conjuntos habitacionais nas grandes cidades brasileiras — localizadas, muitas vezes, em zonas territoriais sem nenhum infraestrutura urbana. Será que, a médio prazo, vamos ver o fracasso da política habitacional brasileira?
Leia a reportagem completa no site do Los Angeles Times.
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