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O caos do trânsito no Rio tem solução?

By 20/01/2014janeiro 19th, 2018Artigos Semanais

Trânsito no Centro do Rio de Janeiro

Um estudo recente detectou que o trânsito carioca é o 3º pior entre 160 cidades do mundo. A situação do Rio é mais grave que a de São Paulo, e melhor apenas do que a de Moscou e Istambul. Segundo o Censo de 2010, a média de tempo de deslocamento na região metropolitana do RJ é de 48,5 minutos, o mais alto entre todas as metrópoles brasileiras. Neste artigo publicado no Jornal Brasil de Fato, o pesquisador Juciano Martins Rodrigues analisa os investimentos em mobilidade realizados no Rio e mostra que o modelo do transporte individual continua sendo priorizado.

O artigo “O caos no trânsito no Rio tem solução?” foi publicado em 27 de novembro de 2013 no Jornal Brasil de Fato, e representa mais uma contribuição do INCT Observatório das Metrópoles para o debate sobre as políticas de mobilidade no Brasil.

Veja a seguir o artigo completo.

 

O caos do trânsito do Rio de Janeiro tem solução?

Juciano Martins Rodrigues, Doutor em Urbanismo. Pesquisador do Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ).

É verdade que a mobilidade urbana nas cidades brasileiras nunca foi uma maravilha. Podemos dizer que nossas cidades vivem uma crise permanente. No entanto, nos últimos anos, temos experimentado uma situação de caos, com uma espécie de generalização do mal-estar urbano causado pelos graves problemas de transporte.

No Rio de Janeiro, a situação ainda pior. Um estudo recente detectou que o trânsito carioca é o 3º pior entre 169 cidades. A situação aqui é mais grave que a de São Paulo, e melhor do que, apenas, a de Moscou, na Rússia, e Istambul, na Turquia.  Segundo o Censo de 2010, a média de tempo de deslocamento na região metropolitana do Rio é de 48,5 minutos, o mais alto entre todas as metrópoles brasileiras.

O Rio chama a atenção não só pelo seu desempenho negativo. A cidade também se destaca pelo alto volume de investimentos em mobilidade urbana. A maioria deles está relacionada à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos, sendo apresentada como solução para os problemas de transporte da cidade.

A questão, contudo, é saber: os tipos de modais de transporte implantados realmente atendem as demandas da população? A cidade estaria experimentando, de fato, uma revolução no sistema de mobilidade urbana que alteraria para sempre sua história e a vida de seus moradores, como anuncia o discurso oficial?

Em primeiro lugar, é preciso dizer que as estratégias territoriais de implantação dos grandes projetos de mobilidade estão fortemente concentradas na cidade do Rio, principalmente na região da Barra da Tijuca. Ficam excluídos municípios da região metropolitana, o que demonstra um projeto sem capacidade integradora. Tais estratégias parecem priorizar muito mais os interesses do mercado imobiliário do que as reais necessidades de deslocamento da população.

Em segundo lugar, apesar da aparente prioridade do transporte coletivo, os rumos das políticas continuam privilegiando os automóveis particulares. O exemplo já está dado na implantação do BRT Transoeste: para cada pista construída visando a circulação dos ônibus, cinco foram reservadas aos carros. Fica claro o incentivo ao transporte individual em uma metrópole que viu o número de automóveis aumentar em 73% entre 2001 e 2012.

Infelizmente, o cenário que se desenha para os próximos anos é negativo, repetindo erros de 40 ou 50 anos atrás. Sobretudo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde as soluções propostas parecem não passar de velhas notícias.

 

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