Fechando o mês das mulheres, o Núcleo Porto Alegre do Observatório das Metrópoles realizou nesta segunda-feira, 27 de março, a live “A mulher no mundo do trabalho e suas lutas por conquistas sociais”. O evento foi mediado por Vanessa Marx, professora de Sociologia da UFRGS e coordenadora do núcleo, e contou com a participação dos professores Moisés Waismann e Judite de Bem da UNILASALLE-RS, ambos pesquisadores da rede, além das reflexões da ativista social Ceniriani Vargas da Silva, presidente da Cooperativa de Trabalho e Habitação 20 de Novembro e coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM no Rio Grande do Sul.
A live discutiu assuntos como gênero, raça e etnia através dos estudos do Núcleo Porto Alegre sobre a relação de mulheres e cidades, mas também abordou as relações de trabalho formal e informal. Vanessa Marx abriu as falas com algumas reflexões sobre o espaço da mulher na sociedade. Segundo ela, historicamente a mulher tem sido identificada com a esfera privada, enquanto o homem ocupa os espaços públicos. Contudo, as lutas feministas estão cada vez mais ocupando os postos de trabalho e, por consequência, os espaços antes não frequentados pelas mulheres.
O primeiro a se apresentar foi o professor Moisés Waismann que apresentou dados do 6º Boletim Especial Mulheres no Mercado de Trabalho, que mostra o movimento do trabalho feminino no Brasil, no Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, além do município de Canoas. A pesquisa apresenta quantidades e variações de vínculos totais e femininos no mercado de trabalho formal nos anos de 2012, 2020 e 2021 em diferentes áreas de trabalho. As informações colhidas mostram que houve grande queda no número de trabalhadores formais no Brasil, porém, a queda diminui entre as trabalhadoras do sexo feminino mais escolarizadas.
Em seguida, a professora Judite de Bem trouxe dados sobre as diferenças salariais, relativas à indústria criativa com características da informalidade a partir de suas pesquisas sobre economia da cultura, indústrias criativas e economia do trabalho. A pesquisadora afirmou que nas indústrias criativas há grande número de mulheres na informalidade e que elas ganham 50% do valor relativo ao salário dos homens nas mesmas posições. De acordo com ela, uma das causas foi a redução dos vínculos empregatícios e dos postos de trabalho em 2020 causados pela pandemia.
Já a ativista social Ceniriani Vargas da Silva, repercutiu a informalidade como sendo uma solução feminina para lidar com as responsabilidades atribuídas às mulheres. Segundo ela, os cuidados com o lar e o cuidar dos filhos são responsabilidades de um trabalho não remunerado que levam a mulher a pensar formas de gerar renda para garantir moradia e dignidade. A ativista usou o exemplo do Programa Minha Casa, Minha Vida para mostrar que o programa social garantiu o direito das mulheres à habitação. Para a ativista, moradia e habitação estão diretamente ligados à geração de trabalho e renda, mas os empreendimentos habitacionais devem ser próximos dos centros urbanos para facilitar as diversas atividades femininas e a busca por um trabalho formal.
A live completa você encontra no canal do Observatório das Metrópoles no YouTube: