O Observatório das Metrópoles manifesta seu pesar pelo falecimento do professor Peter Marcuse, ocorrido na última sexta-feira (04).
Professor Emérito de Planejamento Urbano na Universidade de Columbia, Marcuse era formado em direito e estudou em Harvard, Yale e Berkeley. Sua pesquisa se debruçou sobre habitação social, políticas habitacionais, história e ética do planejamento, aspectos legais e sociais dos direitos de propriedade e privatização, bem como sobre questões de globalização e espaço.
As ideias de Marcuse tiveram grande relevância nas origens do Observatório das Metrópoles. Em especial, a sua formulação pioneira sobre uma teoria urbana crítica que inspirou posteriormente teóricos como Neil Brenner e David Harvey. Também o seu antecipatório conceito de quartered city pelos fossos sociais que hoje marcam a realidade urbana construída pela globalização liberal e financeira.
Para Luiz Cesar Ribeiro, coordenador nacional da rede, Marcuse se destacou não apenas pela sua obra intelectual, mas também por seus posicionamentos e conduta pessoal:
Sempre posicionou-se como um intelectual orgânico do projeto socialista para o mundo e menos como um acadêmico pop de esquerda. Estava sempre disposto a ouvir com humildade e aprender com o que os outros tinham a dizer. Tive a oportunidade de participar do projeto de pesquisa internacional coordenado por ele e Ronald van Kanpen que resultou na interessante coletânea Globalizing Cities: A New Spatial Order?, ocasião em que pude ver o quanto era um intelectual especial. Vai fazer falta. Deixa uma webpage bem à imagem da sua atitude pouco afeita à autopromoção e da sua seriedade.
Reproduzimos abaixo um dos últimos poemas escrito por Marcuse, conforme publicado em seu blog:
“Intolerable Situation”
To be or not to be, how did you know?
But knowing is such past stuff
That will not last.
Yet leaving it can also be quite rough.
To admire and then retire
Will not be enough.
Is life just there to light a fire, and then go?
Or must it be blow after blow?
To tell the truth we’ll never know,
And life won’t stand still and let you parse its flow.
To be, but also to be free,
With, but also against the flow.
But is not all life a struggle to be free?
Does not-being mean just not being “there”?
Or will there always be still others who do care?
Or can we just wait and see —
Will there be others just like you and me?
As we continue that struggle to create a more just society in this earthly realm, we wish him peace in the great beyond, and thank him for his tireless work trying to steer our world towards civic justice in the here and now.
O Observatório das Metrópoles presta os mais sinceros sentimentos de solidariedade à família e aos amigos.