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Loteamento fechado (imagem ilustrativa)

Neste artigo da Revista e-metropolis, os pesquisadores Diego Rodrigo de Oliveira e Silvio Luiz da Costa analisam a lógica condicionante dos loteamentos fechados no município de Taubaté (SP). Segundo eles, nos últimos vinte anos, a lógica do mercado imobiliário encontrou condições nesse local para sua inserção no circuito de valorização e reprodução do capital, por meio de empreendimentos comercialmente definidos como condomínios fechados.

As situações de violência urbana são apresentadas como motivadoras para a expansão desses empreendimentos, porém não se observa nesse período um aumento nos índices de violência na mesma proporção. Sendo o espaço geográfico dialético e os espaços fechados de habitação portadores de discursos ideológicos, os rebatimentos espaciais oriundos desses enclaves impactam a vida urbana, sobretudo a cidadania e o uso do espaço público, revelando a face antidemocrática desse modelo privativo de habitação.

O artigo “A morfologia urbana do capital imobiliário: expansão dos loteamentos fechados em Taubaté-SP” é um dos destaques da Revista e-metropolis.

ABSTRACT

The present study analyzes the conditioning logic of closed lots in the municipality of Taubaté. In the last twenty years, the logic of the real estate market has found conditions in this place for its insertion in the circuit of valorization and reproduction of the capital, by means of enterprises commercially defined as closed condominiums. The situations of urban violence are presented as motivating factors for the expansion of these enterprises, but in this period there has not been an increase in violence rates in the same proportion. Being the dialectical geographic space and the closed spaces of housing, bearing ideological discourses, the spatial refutations from these enclaves impact the urban life, especially the citizenship and the use of the public space, revealing the antidemocratic face of this private housing model.

INTRODUÇÃO

Taubaté protagonizou um boom na expansão de loteamentos fechados na virada de século e mais ainda nas décadas de 2000 e 2010. O crescimento dos espaços fechados costuma ser apresentado como consequência da violência urbana, no entanto, a dilatação desses empreendimentos encontra-se desproporcional à variação das taxas de criminalidade desse período.

Nesse sentido, observa-se a estratégia do mercado imobiliário de produzir um discurso, manipulando em especial o medo, como forma de alavancar seus negócios.

O exclusivismo em habitar entre iguais, o status, a negação da cidade, as sensações e seduções de pertencimento a um produto imobiliário exitoso são alguns dos elementos simbólicos e ideológicos que constituem e orientam esse fenômeno urbano, os quais são

analisados nesse estudo no contexto da produção capitalista do espaço, uma vez que o capital imobiliário encontra na produção da paisagem urbana condições para o constante crescimento da mais-valia fundiária e, por conseguinte, sua própria valorização e reprodução.

Seguindo Sposito (2007), essa mutação na produção do espaço relaciona-se a uma inflexão no capitalismo internacional ocorrida na década de 1970 marcada pela transição do modelo fordista de produção para o modelo flexível de produção. Isso significou em algumas cidades um processo de reestruturação urbana em função da nova divisão regional do trabalho, que, no estado de São Paulo, foi expressa, sobretudo, pelo crescimento de cidades localizadas no interior.

Ainda nessa década, segundo Lefebvre (1999, p.143) o capitalismo internacional sinaliza seu esgotamento e encontra “um novo alento na conquista do espaço, em termos triviais, na especulação imobiliária, nas grandes obras (dentro e fora das cidades), na compra e na venda do espaço. E isso à escala mundial”.

Nesse sentido, a reestruturação urbana experimentada nessas cidades resulta também na redefinição da lógica centro-periferia, uma vez que nessas periferias urbanas emergem novas subjetividades e variabilidades de conteúdos sociais. O mercado imobiliário, sensível às mudanças nas dinâmicas de estruturação do espaço urbano, insere seus tentáculos no circuito de valorização e reprodução do grande capital por meio da produção de espaços fechados, que não necessariamente responde às demandas urbanas, e sim aos interesses privados sintonizados com o sistema financeiro (BOTELHO, 2007).

No encontro com essas reflexões questiona-se: a violência urbana em Taubaté, por si justifica o número crescente de loteamentos fechados pela cidade, sobretudo nos últimos vintes anos? Será a violência ou o medo da violência a causa da fuga para os enclaves fortificados? É possível explicar a expansão dos loteamentos fechados por outros elementos se não a violência urbana? Qual é o impacto dessas formas espaciais para a cidade como um todo? Em que medida essa lógica de expansão dos espaços fechados compromete a construção de uma cidade mais democrática?

Essas perguntas norteiam este estudo na busca de reflexões que, por sua vez, potencializem o entendimento dos elementos que constituem a cidade.

Leia o artigo completo no site da Revista e-metropolis.