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Mobilidade urbana: Brasil e a opção pelo transporte individual

By 03/10/2012dezembro 13th, 2017Publicações

Mobilidade urbana: Brasil e a opção pelo transporte individual

As metrópoles brasileiras têm enfrentado nos últimos anos uma crise de mobilidade urbana, resultante, sobretudo, da opção pelo modo de transporte individual em detrimento das formas coletivas de deslocamento. É o que mostra o relatório organizado pelo INCT Observatório das Metrópoles que aponta a explosão do número de automóveis e motocicletas nas metrópoles brasileiras. Entre 2001 e 2011, o número de automóveis nas 12 metrópoles aumentou de 11,5 milhões para 20,5 milhões. Já as motocicletas passaram de 4,5 milhões para 18,3 milhões nestes mesmos dez anos.

O relatório “Metrópoles em números: Crescimento da frota de automóveis e motocicletas nas metrópoles brasileiras 2001/2011” foi organizado pelo pesquisador Juciano Martins Rodrigues, do Observatório das Metrópoles, a partir das informações fornecidas pelo DENATRAN.

O estudo foi tema de reportagem jornalística dos principais veículos de imprensa do Brasil nesta terça-feira (02/10), como Jornal O Estado de São Paulo, Veja Online, Portal Terra, Jornal do Brasil, UOL, Estado de Minas, Portal O Tempo, Correio Brasiliense, Rádio Band News, SBT, O Globo.com, Blog do Noblat, Gazeta do Povo, Diário do Nordeste, Folha de Pernambuco, Metro Jornal, Revista Exame, Jornal O Popular (Goiânia), entre outros. A divulgação da pesquisa e o relacionamento com as principais empresas de comunicação brasileiras representam mais uma etapa do trabalho de difusão do INCT Observatório das Metrópoles.

No caso da temática da mobilidade urbana, o instituto defende soluções coletivas e sustentáveis de transporte urbano em detrimento das opções individuais. Já que em 2011 o número de automóveis nas metrópoles brasileiras chegou a atingir a marca de 20.525.124 veículos. Este número representa aproximadamente 44% de toda a frota brasileira. Nessas metrópoles, entre 2001 e 2011, houve um aumento de mais de 8,9 milhões de automóveis, aproximadamente 77,8%. Em média, foram adicionados mais de 890 mil veículos por ano.

São Paulo, a metrópole mais populosa, conta com a maior frota, aproximadamente 8,2 milhões, o que equivale a 17,8% de toda a frota nacional. Entre2001 e 2001 a frota da metrópole paulistana cresceu em 68,7%, o que corresponde a mais de 3,4 milhões em termos absolutos. Embora abaixo do crescimento das metrópoles e do crescimento do Brasil (90%) é uma soma considerável, principalmente se considerarmos a frota já existente em 2001, que era de 4,9 milhões de automóveis.

Apesar de apresentar crescimento relativo menor do que as médias nacional e metropolitana, o Rio de Janeiro registrou um aumento absoluto considerável. Nos dez anos considerados, a frota da metrópole fluminense cresceu 62% ou mais de 1 milhão de automóveis em termos absolutos.

Na Região Integrada de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal (RIDE DF), nucleada pela Capital Federal, a frota de automóveis cresceu em 103,6%, passando de pouco mais de 626 mil veículos em 2001 para mais de 1,2 milhão em 2011.  Destes, quase a metade, ou 537.803 automóveis, estão em Brasília. Mas vale destacar, que o entorno do núcleo metropolitano registrou um crescimento da frota na ordem de 220,7%.

Entre as maiores metrópoles Belo Horizonte foi a que registrou o maior crescimento relativo no número de automóveis nos dez anos considerados nesta análise, com um percentual de crescimento superior, inclusive, a média nacional. Em 2001 a frota da metrópole era de 841.060 veículos e, com um aumento de 108,5%, atingiu a marca de 1,7 milhão em 2011. Na metrópole mineira, foram acrescentados em média a cada ano 91.235 veículos.

Para informações completas acesse o relatório aqui.

Leia a seguir a matéria “Frota de veículos nas capitais quase dobra em 10 anos”, do jornalista Bruno Ribeiro.

 

Frota de veículos nas capitais quase dobra em 10 anos

A frota das 12 principais capitais do Brasil praticamente dobrou em dez anos. O crescimento médio no número de veículos foi de 77%, sem que a infraestrutura viária e os órgãos de controle do trânsito acompanhassem o ritmo. Em São Paulo, a metrópole que mais ganhou carros em números absolutos, as ruas receberam 3,4 milhões entre 2001 e 2011. As 12 principais metrópoles somam 20 milhões de veículos, o que corresponde a 44% da frota nacional.

A conta é do Observatório das Metrópoles e usa dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Segundo o elaborador do estudo, o pesquisador Juciano Martins Rodrigues, foram analisadas informações de 253 municípios. “Usamos os critérios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para selecionar as capitais de Estado que formavam regiões metropolitanas”, afirma.

São Paulo e Rio, capitais que já tinham as maiores frotas de carros do País, ficam nas últimas posições do ranking elaborado pelo estudo – que classifica o crescimento de frota de acordo com o crescimento relativo, ou seja, pelo porcentual de aumento do número de carros. O Rio é o lanterna: crescimento de 67%, embora isso signifique acréscimo de 1 milhão de carros no período. Já São Paulo teve crescimento populacional de 7,9% na década, segundo dados da Fundação Seade – e o porcentual de aumento de carros foi de 68,2%. Com o critério porcentual, a região metropolitana de Manaus é a campeã. O aumento da frota foi de 141,9%. A cidade ganhou 209 mil veículos (saltou de 147 mil, em 2001, para 357 mil).

As capitais não estavam preparadas para receber tantos carros a mais. Em São Paulo, por exemplo, em 2001 havia 1,2 mil agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) orientando o trânsito nas ruas. De lá para cá, mesmo com dois concursos públicos para marronzinhos, esse número não chega a 2 mil. A principal obra viária no período foi a ampliação da Marginal do Tietê, que trouxe mais três pistas para a via expressa. Nesse período, a velocidade média dos carros no horário de pico, medida pela CET no Corredor Eusébio Matoso-Rebouças-Consolação, caiu de 17,9 km/h para 7,6 km/h.

O crescimento da frota de veículos é um fenômeno que vem sendo notado há alguns anos, mas ainda não havia sido analisado como o Observatório das Metrópoles fez. Para especialistas e autoridades, o avanço resulta de três fatores: aumento da renda da população (especialmente da classe C), reduções fiscais do governo federal e facilidades de crédito promovidas pelos bancos. O gerente aposentado Pedro Manzoni, de 73 anos, é um exemplo. Dono de um Corsa zero-quilômetro, diz trocar de carro a cada vez que o veículo atinge 20 mil km rodados. “Já cheguei a ter cinco em casa, quando os filhos moravam comigo. Hoje, tenho apenas o meu, mas os filhos continuam com os deles.”