Construir novas tipologias de classificação e materiais cartográficos para o auxílio nas investigações sobre os processos de metropolização em curso no Brasil. Este foi o objetivo principal da pesquisa desenvolvida no pós-doutorado de Carolina Israel, intitulada “Metropolização em movimento: construção de novas tipologias de compreensão das dinâmicas urbanas”. O Observatório das Metrópoles transmitiu a sessão pública de finalização do pós-doutorado da pesquisadora na última terça-feira, 20, via canal no Youtube. Participaram da transmissão, o coordenador nacional da rede, Luiz Cesar Ribeiro; a coordenadora do Núcleo Paraíba, Lívia Miranda; com mediação da pesquisadora do Núcleo Curitiba, Olga Firkowski.
Na oportunidade, Carolina apresentou os resultados do pós-doutorado realizado junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGEO) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com bolsa CAPES/INCT Observatório das Metrópoles, sob a supervisão de Olga Firkowski. A pesquisa partiu da inter-relação e análise de informações e materiais do IBGE e do Joint Research Centre, da Comissão Europeia. “Na minha compreensão, uma possibilidade futura é o uso de plataformas para edição colaborativa de produtos cartográficos, que permitam corrigir lacunas e agregar os achados de cada pesquisa, que se tornam automaticamente disponíveis para os demais pesquisadores”, esclareceu Carolina.
Segundo a pesquisadora, além de potencializar o trabalho em rede, os sistemas de cartografia colaborativa também permitem uma maior velocidade de trabalho na composição do material cartográfico. “Hoje já existem opções gratuitas, mas são materiais que demandam uma certa estrutura, como, por exemplo, ter um servidor para poder hospedar essas informações. De todo modo, me parece ser um caminho interessante para estudos urbanos que utilizam essas bases cartográficas como um apoio às suas investigações”, explicou Carolina.
Para Olga Firkowski, o tema é bastante pertinente. “Carolina trabalhou com informações novas, fez a compatibilização delas e encontrou limites e potencialidades, que resultaram em um tutorial com esses mapas que enviamos para os núcleos participantes da pesquisa sobre Organização do Espaço. O trabalho continua e o próximo passo é que consigamos desenvolver possibilidades analíticas e interpretativas dessas informações para que a gente descubra morfologias e padrões, o que explica esses vetores de expansão para uma base de dados obtida de forma homogênea”, ressaltou.
Conforme o coordenador nacional do Observatório, Luiz Cesar Ribeiro, a pesquisa representa um avanço em termos de instrumento de trabalho de pesquisa, especialmente pela possibilidade de conexão das informações estatísticas completamente espaciais. “O trabalho de Carolina deixa um insumo muito importante porque existem informações sobre cidades e municípios, mas não existe um banco de dados sobre a escala metropolitana na nossa urbanização. É importante ter esse conhecimento sistemático da escala metropolitana. Este trabalho também vai melhorar a nossa reflexão espacial de vários fenômenos que trabalhamos e queremos fazer uma análise, considerando a dimensão espacial desses fenômenos, como a desigualdade escolar e o comportamento eleitoral, por exemplo. É uma contribuição enorme para o Observatório”, pontuou.
A coordenadora do Núcleo Paraíba, Lívia Miranda, destacou que é possível identificar o processo de metropolização se regionalizando. “É possível nessa base de dados, acendermos os limites institucionais para trazer essa discussão. É uma ferramenta importante para pensar o planejamento dessas regiões metropolitanas institucionais, porque temos a possibilidade de observar o processo do fenômeno metropolitano que acontece na metrópole para além dela. É exitoso e importante para o Observatório, pois à medida que fortalecemos as pesquisas, a partir da colaboração dos mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos, os programas são fortalecidos”, observou.
A pesquisa de pós-doutorado de Carolina Israel está inserida no projeto do Observatório das Metrópoles intitulado “Organização do espaço urbano-metropolitano e construção de parâmetros de análise das dinâmicas de metropolização”, sob coordenação das pesquisadoras Olga Firkowski e Rosa Moura. O projeto, que visa contribuir para as análises sobre metropolização através da construção de procedimentos, métodos e indicadores que permitam interpretar as transformações e configurações espaciais que envolvem a escala e as relações metropolitanas, é desenvolvido pelos seguintes núcleos regionais da rede: Belo Horizonte, Campina Grande/João Pessoa, Curitiba, Goiânia, Maringá, Natal, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.
Nesse sentido, o conjunto de instrumentos cartográficos desenvolvidos pela pesquisadora serão utilizados por todos esses núcleos, de modo a permitir a observação da evolução espaço temporal da área construída nos últimos 40 anos nesses recortes metropolitanos. Além disso, também permitem contrastar esta informação bruta da evolução cronológica das edificações com a referida classificação do IBGE para áreas urbanizadas, evidenciando graficamente suas convergências e divergências. Em breve, os resultados do projeto serão publicados no formato de livro.
Para saber mais sobre o trabalho, acesse o relatório de pós-doutorado de Carolina Israel.
Carolina Israel também conquistou o prêmio Capes de melhor tese na área de Geografia. Sob a orientação de Mónica Arroyo, do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisadora desenvolveu o trabalho intitulado “Redes digitais, espaços de poder: sobre conflitos na reconfiguração da internet e as estratégias de apropriação civil”.
Na próxima segunda-feira (26), às 16:00, Mónica Arroyo, Olga Firkowski e Ana Cristina de Almeida Fernandes debaterão a tese de Carolina Israel em uma live que será transmitida pelo Youtube no canal da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (USP FFLCH). Confira todas as informações no cartaz abaixo: