Entre 12 e 14 de agosto de 2019, aconteceu em São Paulo o IX Seminário Internacional da Red de investigación sobre áreas metropolitanas de Europa y América Latina (RIDEAL), que tratou da temática “As metrópoles como espaços urbanos em transformação: entre a teoria que explica e as práticas que transformam”.
Rosa Moura, vice-coordenadora do Núcleo Curitiba do Observatório das Metrópoles, produziu uma reflexão, inserida em uma das mesas de debate, que destaca a necessidade de somar ao olhar intra e inter metropolitano o olhar para os horizontes distantes onde a metrópole se projeta em sua materialidade. No trabalho selecionado para essa apresentação, que se intitula “Metrópoles e cidades de fronteira: o que as torna inseparáveis?“, busca-se compreender a presença incontestável da metrópole em outros pontos do território. Explora-se como são percebidas as relações entre a cidade da fronteira e a metrópole, valendo-se de trabalho de campo realizado, no âmbito de pesquisa em desenvolvimento no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em sete arranjos espaciais transfronteiriços, que compõem fragmentos da metropolização em curso. Tais arranjos são configurações espaciais que transcendem a fronteira dos países e enfrentam complexidades na gestão bi/trinacional de questões locais, transnacionais e remotas; são portais de entrada/saída terrestres a uma diversidade de fluxos de pessoas (legais, clandestinas, indocumentadas) e mercadorias (lícitas, ilícitas).
Distantes geograficamente da metrópole, alguns já viveram momentos de apogeu como elos em relações metropolitanas. Hoje, carentes de infraestrutura de comunicação, de serviços e equipamentos urbanos, o cotidiano desses arranjos vive a presença metropolitana na intensificação dos movimentos e conexões. Sua população é ciente da importância e dos efeitos dessa condição de passagem, mas expressa os males da ausência ou intermitência da ação do Estado na atenção a demandas de pessoas em uma permanência efêmera, na orientação a migrantes e refugiados, e na adequação de políticas aos problemas sociais que trazem consigo, manifestam-se no lugar e carregam até o destino, quase sempre a metrópole. A metrópole é, portanto, elemento constitutivo desse cotidiano, remotamente nele instalada, imiscuída, inseparável.
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