Evento realizado pelo Comitê Popular da Copa reuniu centenas de pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo com o propósito de reivindicar transparência dos gastos públicos destinados às obras dos megaeventos, respeito aos moradores que estão sofrendo com os processos de remoção e construção de um legado real para a população brasileira.
No Rio de Janeiro, a Marcha por uma Copa do Povo contou com a participação da Associação Nacional de Torcedores (ANT), da Frente Nacional de Torcedores (FNT), de ONGs como a Federação de Órgãos para Assistência Social (Fase) e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Central dos Movimentos Populares, partidos políticos e meio acadêmico.
O Comitê Popular da Copa definiu a data de 30 de junho para a realização da Marcha porque foi o dia escolhido pela FIFA para o sorteio dos grupos para a Copa 2014, em evento realizado na Marina da Glória reunindo autoridades de diversos países. Os participantes caminharam juntos do Largo do Machado, na zona Sul da cidade, até o local do evento, para mostrar cartazes e denunciar o desrespeito com a população.
“Não somos contra a Copa e os Jogos Olímpicos, mas queremos um processo transparente e que tragam benefícios sociais para a população. Porque o dinheiro que está sendo usado para a realização desses grandes eventos é público, é do povo; portanto, não faz sentido vermos valorização imobiliária, projetos de reestruturação urbana para a posse do capital privado. Sendo que do outro lado, as comunidades que vivem na região estão sendo removidas, não estão sendo respeitadas”, explica Marcelo Edmundo, integrante do Comitê.
Dentre as reivindicações da marcha, destacam-se: 1) Transparência nos gastos públicos para a realização de obras para a Copa e Olimpíadas; 2) Debate e respeito sobre o direito das pessoas que estão sendo atingidas pelas obras de infraestrutura – como no caso das populações de Vila Autódromo, Restinga e Vila Recreio II; 3) A construção de um legado real para a população da cidade – com destinação social.
Para acompanhar as informações do Comitê, acesse aqui.
Pesquisadores do INCT Observatório das Metrópoles participaram do ato. O instituto está desenvolvendo o projeto sobre os megaeventos o qual prevê a elaboração e aplicação de instrumentos de monitoramento dos impactos relacionados à Copa de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016 na estrutura urbano-metropolitana nas capitais brasileiras e no Rio de Janeiro.
O Observatório já está monitorando, por exemplo, os casos de remoção das comunidades na zona Oeste do Rio. Veja o que já foi publicado.
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Protesto em SP
Em São Paulo, o Comitê Popular/SP organizou um ato em frente à estação Itaquera do metrô, junto à área destinada à construção do estádio do Corinthians, para protestar contra a forma como os recursos públicos estão sendo usados em obras da Copa de 2014 na cidade.
A manifestação reuniu representantes das organizações da sociedade civil que compõem o comitê, associações de bairros da zona Leste, moradores da região, entre outras pessoas preocupadas em questionar os benefícios deste megaevento para a capital.
Próximas ações
Segundo Marcelo Edmundo, o Comitê Popular da Copa irá acompanhar todas as ações relacionadas aos preparativos dos megaeventos esportivos, como o monitoramento do orçamento público e das remoções, a reflexão sobre a elitização do futebol, entre outros. Além disso, uma parceria com o Observatório das Metrópoles resultará em um portal onde as informações serão centralizadas. “Esse foi somente o primeiro ato para que a população venha participar”, conclui Edmundo.