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O Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Estadual do Norte Fluminense (PPGSP/UENF) e o laboratório no.ar – cotidiano e tecnologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) promovem o evento “Junho Mora Onde?”, uma jornada de reflexões sobre os 10 anos das mobilizações populares de Junho 2013. O evento faz parte da campanha para a construção de acervos por crowdsourcing – alimentados pelos usuários de forma colaborativa. O objetivo é criar um arquivo vivo daqueles dias, visando promover a cultura de memória do país.

Para Wania Mesquita, coordenadora do PPGSP/UENF, sede do Núcleo Norte Fluminense do Observatório das Metrópoles, é desafiador compreender as implicações e impactos das mobilizações de 2013 para o contexto atual:

Pensar nas consequências e nos efeitos das mobilizações iniciadas pelo Movimento Passe Livre no primeiro semestre de 2013, que culminaram em junho de 2013, é um grande desafio para a compreensão do tempo presente, dos desafios e dos dilemas que se colocam para os atores interessados na construção de uma democracia social e na consolidação da democracia política no Brasil.

Ao colocar em destaque um processo político, iniciado por jovens estudantes de classe média – os quais lutavam por direitos sociais, no momento em que os fundos públicos, além de serem apropriados pelo rentismo para o pagamento da dívida pública, estavam sendo usados para a construção de estádios para a Copa do Mundo, evento privado – mas que assumiu um caráter direitista, logo no dia 20/06, e foi mobilizado pelas grandes corporações de comunicação, sob o mando dos seus anunciantes, contra o governo do Partido dos Trabalhadores em nome do combate à corrupção, é de grande importância até para entendermos a mínima diferença de eleitores que possibilitou o retorno do PT, dessa vez com Lula, à Presidência no segundo turno das eleições de 2022.

Por outro lado, essa discussão parece ser indissociável do declínio da centro-direita – a exemplo do PSDB – e a ascensão da extrema-direita com a suas pautas centradas no nacionalismo conservador, no chauvinismo, na intolerância, na instrumentalização da religião, do combate à corrupção contra um partido político, e na adequação dessas bandeiras com a política econômica neoliberal.  Junho de 2013 pode ser uma chave para a compreensão do porquê as três últimas eleições legislativas terem resultado numa instituição cada vez mais identificado com a extrema direita, sendo reacionário na sua composição.

Para além dos processos políticos institucionais, debater junho de 2013 diz respeito a novos processos sociais e históricos em escala internacional (se recordarmos das revoluções coloridas) e nacional, como o surgimento da extrema-direita que passa a se organizar em movimentos sociais, a ocupar as ruas, as instituições e a lutar por posições no aparelho de Estado, valendo-se do avanço das comunicações, representado pelo smartphone, das novas mídias e das redes sociais.

Para saber mais sobre o evento e o conteúdo das reflexões suscitadas, acesse: vidacoletiva.uff.br/evento