Circuito Cultural Praça da Liberdade reúne doze museus e espaços culturais já em funcionamento na região central de Belo Horizonte
A promoção das cidades por meio da cultura, favorecida por parcerias público-privadas, é o tema central do artigo “Intervenções urbanas mediadas pela cultura e os usos dos espaços públicos”, da professora Luciana Teixeira Andrade, pesquisadora do Observatório das Metrópoles do núcleo de Belo Horizonte. No texto, publicado na Revista Ciências Sociais Unisinos, é analisada a criação e consolidação do Circuito Cultural Praça da Liberdade (CCPL), na capital mineira.
A pesquisadora discute as alterações na sociabilidade da Praça da Liberdade, lugar monumental de Belo Horizonte antes ligado ao poder político e, agora, às atividades culturais. Os prédios históricos no entorno da praça sediavam as secretarias de governo, que foram transferidas para um centro administrativo noutra região da cidade cedendo espaço a museus, centros culturais e outros bens culturais por meio do investimento em parcerias público-privadas.
Segundo Luciana Andrade, o tipo de intervenção, ao mesmo tempo cultural e urbana, como o do CCPL, tem duas características principais, quais sejam a utilização dos equipamentos culturais para a promoção da cidade, e a utilização das parcerias público-privadas. Ao analisar as mudanças socioespaciais ocorridas no espaço, a pesquisadora aborda os conceitos de paisagem do poder, cena e espaço público.
Em sua análise, a pesquisadora pontua que a nova paisagem urbana configurada pelo CCPL passou a ser apropriada de diferentes maneiras por grupos sociais distintos. Enquanto um interage com ela, outro a questiona. Os grupos com maior poder se valem do uso dos espaços culturais, usufruindo das atividades do Circuito, em contrapartida aos de menor poder, que não utilizam os equipamentos culturais, mas dos espaços vazios, promovendo uma ocupação da área de forma quase marginal.
Conforme destacado na introdução do texto, “o artigo está estruturado em três partes. A primeira trata da Praça da Liberdade e das diferentes formas de sociabilidade nela presentes desde a sua construção até os dias de hoje, com o objetivo de mostrar que a instalação do CCPL não se deu em um espaço vazio de significados. A segunda mostra como o CCPL foi sendo gestado paulatinamente e as políticas culturais baseadas nas parcerias público-privadas e nas leis de incentivo. A terceira e conclusiva parte analisa a constituição pelo CCPL de uma cena com inspiração europeia, que se comunica prioritariamente com uma elite cultural de classe média, e suas consequências para a vida pública da cidade”.
Gentrificação da cidade contemporânea