Lívia Miranda*
Foi realizado entre os dias 20 e 23 de novembro, o IV Encontro Internacional de Urbanização de Favelas (URBfavelas), em São Paulo. O evento reuniu pesquisadores de todo Brasil, de países sul-americanos, representantes de grupos populares, lideranças políticas, gestores e interessados em debater os desafios, as potências e as necessidades que caracterizam estes territórios. Foi um momento para a socialização de diversas experiências, práticas e acadêmicas, sobre ações em favelas, assessorias populares e desenhos para as políticas de financiamento público. O INCT Observatório das Metrópoles participou ativamente do evento em mesas de debate, sessões temáticas e em reuniões de articulação para discutir estratégias de pesquisa, assessorias e promoção de políticas que promovam a equidade nas condições de vida nesses territórios.
Desde sua primeira edição, o URBfavelas constitui um ambiente muito rico para os aprendizados críticos sobre os erros e acertos do complexos modos de intervir nos territórios populares. Sejam nas grandes periferias e favelas, seja nas comunidades, vilas, grotas, ou nas diferentes formas que caracterizam a diversidade do marar, a ausência do Estado priva os moradores do acesso a infraestruturas públicas e moradias dignas. Esta é uma realidade comum nas experiências sul-americanas apresentadas no evento. É consenso que a agenda pública precisa priorizar os investimentos na urbanização de favelas e comunidades urbanas. Mas infelizmente, o encontro mostrou que as resistências às remoções forçadas e as urbanizações tecnicistas continuam definindo a tônica de um modelo de urbanização que favorece os interesses capitalísticos e imobiliários na produção do território.
O Ministério das Cidades, recriado recentemente, e a novíssima Secretaria de Periferias anunciaram no evento a retomada nas políticas de urbanização de favelas e destacaram a importância das reflexões compartilhadas no evento para o aprimoramento das políticas públicas de urbanização de favelas. O canal de dialogo estreito com a secretaria será um caminho virtuoso para que as soluções técnicas sejam construídas em associação com os saberes e práticas das pessoas que habitam estes lugares e que serão diretamente impactadas pelas políticas de urbanização.
O INCT Observatório das Metrópoles parabeniza a Comissão Organizadora do IV URBfavelas pelo excelente evento! Um espaço de acolhimento e escuta, interdisciplinar em sua concepção, construído por diferentes saberes e por pessoas comprometidas com o desafio das ações em favelas. Sigamos refletindo, dialogando, incidindo e conquistando o reconhecimento, os direitos e as políticas públicas necessárias a reparação das históricas desigualdades socioterritoriais que caracterizam as cidades latino-americanas.
* Professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Coordenadora do Núcleo Paraíba do INCT Observatório das Metrópoles.