Está disponível a versão digital do livro em homenagem ao sociólogo Francisco de Oliveira, organizado por Carlos Alberto Bello, Cibele Saliba Rizek, Joana Barros e Leonardo Mello e Silva. Com o objetivo de realizar um balanço de sua obra, a publicação é composta por três eixos: experiência pessoal e profissional do homenageado, a sua produção intelectual e suas reflexões. Ao final, há uma sessão de depoimentos.
Professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), Chico de Oliveira faleceu em 2019. Em 2004, foi agraciado com o Prêmio Jabuti, na categoria Ciências Humanas, pelo livro Crítica à razão dualista/O ornitorrinco, publicado pela editora Boitempo. Seu último livro Brasil: Uma Biografia Não Autorizada, é uma coletânea que traz textos inéditos e artigos publicados nos anos recentes.
O sociólogo também recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo instituto de Economia da UFRJ, e em 2010, da Universidade Federal da Paraíba.
A seguir, confira um trecho da apresentação do livro:
Depois de um ano e alguns meses de ausência de Francisco de Oliveira, nosso Chico, o Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic), que foi fundado e alimentado intelectualmente por ele, prestou-lhe uma homenagem, rememorando sua produção e os momentos de convívio e diálogo que marcaram nossos encontros, seminários, projetos e livros.
Rememorar e reler as obras de Francisco de Oliveira, que ocupa um lugar de destaque no pensamento e na produção das
Ciências Sociais nacionais, acaba sendo uma recuperação – nem sempre fácil – da história social e política do país. Uma biografia não autorizada do Brasil – aliás, título de sua última obra – pode ser encontrada nos vários momentos e temas de sua produção. No seminário que realizamos em sua homenagem, de encerramento emocionado e sensível, rememoramos em conjunto o sentimento que então nos tornava, de certo modo, partes de uma mesma família: “somos filhos fundadores”, “somos todos filhos de Francisco”.
Filiações, vínculos, saudade, certo, mas também um conjunto de ideias, proposições, provocações, idas e vindas que foram sendo identificadas pelos depoimentos e textos no decorrer do evento de novembro de 2020. Essa variedade de leituras, essa identificação de diálogos com outros pensadores e cientistas sociais, esse novelo de heranças e de lembranças parece conter um tesouro que agora partilhamos numa forma escrita. Esse tesouro reside na crítica sem ponto de repouso, em uma inquietação intelectual permanente, em um inconformismo com o que está dado, em uma escolha das leituras a contrapelo que vão da Crítica à razão dualista, de 1972, até os últimos textos sobre a tragédia brasileira.
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