Neste artigo, a professora da PUC-Rio e do projeto realizado pelo Observatório Educação e Cidades, Fátima Alves, aborda o tema das escolhas familiares, enriquecendo-as por contextualizar tais escolhas tanto a partir dos conceitos mais tradicionais que conformam a estrutura social quanto a partir do mapeamento conjunto da estrutura da oferta educacional (quantidade e qualidade) e da estrutura da ocupação do espaço social da cidade do Rio de Janeiro. As relações entre os limites colocados pela estrutura social e o território são avaliados.
Nas oportunidades educacionais existentes na cidade do Rio de Janeiro encontramos diversas possibilidades de escolhas familiares com potencial de afetar a trajetória escolar de seus filhos. Dentre as estratégias de escolhas possíveis destaco: a) a inscrição nos sorteios das escolas federais e dos colégios de aplicação de universidades públicas; b) a existência de escolas privadas que atendem a uma clientela de nível socioeconômico equivalente ao corpo discente de escolas municipais; e c) a matrícula em escolas municipais com diferencial de qualidade, não próximas ao lugar de moradia da família, exigindo um deslocamento até a escola. Surgem, então, as principais perguntas que nortearam esta investigação: quais obstáculos essas famílias precisaram superar para fazer suas escolhas? No que essas famílias diferiam daquelas que faziam escolhas que poderiam ser chamadas de “mais tradicionais”, como a de matricular os filhos na escola municipal mais próxima de casa? Quais são os efeitos na trajetória escolar destas escolhas das famílias?
Por certo, as escolhas familiares são feitas a partir de oportunidades e limites colocados pela estrutura social, o que envolve a posição social da ocupação dos pais, a estrutura familiar, os capitais econômico e cultural dos membros da família, suas redes sociais, bem como outros aspectos que caracterizam a posição social e as disposições culturais da família. A despeito de sua importância, essas características ainda não representam adequadamente a estrutura social que expressa as oportunidades e os limites que afetam as escolhas familiares.
O presente artigo aborda o tema das escolhas familiares, enriquecendo-as por contextualizar tais escolhas tanto a partir dos conceitos mais tradicionais que conformam a estrutura social quanto a partir do mapeamento conjunto da estrutura da oferta educacional (quantidade e qualidade) e da estrutura da ocupação do espaço social da cidade do Rio de Janeiro.
O estudo faz uso de dados de uma amostra de cerca de cinco mil crianças que iniciaram o 2º ano do Ensino Fundamental em 2005 em escolas municipais, federais e privadas da cidade do Rio de Janeiro, para estudar o efeito de escolhas familiares sobre o aprendizado escolar. O artigo está estruturado em três partes. Inicialmente, apresento o objetivo principal, bem como as questões de pesquisa que orientam o desenvolvimento do trabalho. Posteriormente, na seção Abordagem Teórica destaque para os conceitos teóricos mais pertinentes, como o de estratificação educacional, estratificação residencial e escolhas familiares de estabelecimentos escolares. Na seção seguinte mostra quais as fontes de dados e as medidas, assim como um delineamento da abordagem analítica. Por fim, apresenta e discute os resultados encontrados.
Leia o artigo completo “Escolhas familiares, estratificação educacional e desempenho escolar: quais as relações?”, da professora Fátima Alves, aqui.