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Nova Ferrovia de cargas vai ligar Brasília e Goiânia

Nova Ferrovia de cargas vai ligar Brasília e Goiânia                                       Crédito: Site Viatrolebus/Reprodução

Arranjos urbano-regionais constituem categoria socioespacial que articula aglomerações e centros em uma mesma unidade. São representativos do estágio contemporâneo da metropolização, que passa a engendrar novas morfologias urbanas, articuladas e densas, ao mesmo tempo descontínuas, que sustentam a ampliação geográfica do processo de acumulação. Neste artigo para a Revista Cadernos Metrópole nº 36, Marcos B. Haddad e Rosa Moura tomam como objeto o arranjo Brasília-Anápolis-Goiânia para discutir suas atuais dinâmicas de expansão, a ação do setor imobiliário, sob forte influência da renda gerada pelo agronegócio, e as implicações regionais.

O artigo Dinâmicas de expansão do arranjo urbano-regional Brasília-Anápolis-Goiânia, de autoria de Marcos Bittar Haddad e Rosa Moura, é um dos destaques da edição nº 36 da Revista Cadernos Metrópole.

Abstract

Urban-regional arrangements are a socio-spatial category that articulates agglomerations and centers in one unit. They are configured under a fast qualification/disqualification of spaces through redefinition of functions, and create extensive territories permeated by urban voids. This category is representative of the contemporary stage of metropolization, which has started engendering new urban morphologies that are articulated and dense, but discontinued, and support the geographical enlargement of the accumulation process. Having as object the Brasília-Anápolis-Goiânia arrangement, we discuss, in this article, its current expansion dynamics, the action of the real estate industry, under the strong influence of income generated by agribusiness, and regional implications. Specifically in the expansion model of Goiânia and Anápolis, we attempt to show that the wealth generated in the surroundings induces urban valuation without reducing the existing inequality, which is intensified when increasingly fragmented spaces are created.

INTRODUÇÃO

Por Marcos Bittar Haddad e Rosa Moura

O arranjo urbano-regionalformado por Brasília, Anápolis e Goiânia caracteriza-se pela conectividade e forte dinâmica entre esses núcleos urbanos. Fruto de uma intensa exploração capitalista, sobretudo imobiliária, a realidade existente nessas cidades tem se transformado cotidianamente. Em sua composição destacam-se duas cidades construídas para serem capitais: Brasília, capital federal, e Goiânia, capital de Goiás. Anápolis, cidade mais antiga, serviu de apoio durante o processo de construção dessas outras duas. O fato de se tratar de cidades planejadas, construídas por intervenção do poder público, sugere que tais construções também tiveram o intuito de favorecer a valorização do capital imobiliário.

As políticas de desenvolvimento nacional, desde a Marcha para o Oeste, tentavam fazer dessa região uma grande produtora de alimentos. Após a construção de Brasília, a região integrou-se ao restante do País por uma malha rodoviária, o que favoreceu as migrações. O caráter econômico, que a princípio sempre se quis dar à região, consolidou-se, a partir dos anos 1990, com o agronegócio, que contribuiu com o crescimento do mercado imobiliário, principalmente nas cidades e em seus arredores, caso de Goiânia e de Brasília. Com o tempo, essas cidades foram absorvendo parte da renda originada pela dinâmica econômica que se consolidava na Região Centro-Oeste, oriunda da intensificação do agronegócio, baseado numa produção de commodities altamente tecnificada, majoritariamente voltada para o mercado externo e geradora de alta renda, particularmente aos empresários da agricultura e pecuária.

O arranjo espacial em análise compreende mais que essas cidades polos, englobando os municípios de suas regiões de articulação imediata (IBGE, 2013). Conforma uma área extensa, permeada por fluxos e conexões multidirecionais que evidenciam forte grau de articulação entre si, em um complexo universo de relações econômicas, sociais e institucionais.

Esse padrão de configuração espacial, morfologicamente descontínuo e expandido, peculiariza o atual estágio de metropolização no Brasil e constitui a localização mais propícia para a acumulação do capital, fundamentalmente o ligado à produção imobiliária. Cabe anotar que, sem a intervenção de políticas públicas, o espaço objeto desse estudo jamais existiria. Em outras palavras, a realidade presente e em constante alteração no planalto central brasileiro deve-se diretamente à intervenção estatal, em parceria com o capital privado.

Tendo como objetivo demonstrar a formação e a composição desse arranjo espacial, o presente artigo estrutura-se em três partes. Na primeira, apresentam-se o arranjo em si, o surgimento de cada cidade e seu gradual crescimento. Na segunda busca-se explicar que a dinâmica imobiliária presente nessas cidades, em especial em Goiânia e Anápolis, em muito se parecendo com o que ocorre nas demais cidades médias ou grandes do País, é fortemente influenciada pela renda gerada pelo agronegócio brasileiro, que no momento é uma das mais importantes atividades econômicas do País. Na terceira parte, usando de várias referências especificas, discute-se como a dinâmica apresentada expressa a configuração contemporânea da metropolização, que se sintetiza em morfologias urbanas expandidas.

 

Acesse o artigo completo na Revista Cadernos Metrópole nº 36.

 

Publicado em Artigos Científicos | Última modificação em 21-06-2016 19:28:26