O Núcleo Salvador do INCT Observatório das Metrópoles realizou o debate “Dinâmica de uma Metrópole Periférica: Salvador no Século XXI”, dentro da programação do Fórum Social Mundial 2018 no eixo temático “Direito à Cidade”. A proposta da mesa foi analisar as transformações recentes da metrópole baiana e apontar perspectivas futuras para superar o seu histórico caráter periférico. Criado em 2011 em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial 2018 acontece, de 13 a 17 de março em Salvador, e traz como tema o slogan “Resistir é criar, resistir é transformar!”.
O debate “Dinâmica de uma Metrópole Periférica: Salvador no Século XXI” ocorreu no dia 14 de março, no Auditório 2 da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia.
A equipe do Núcleo Salvador do Observatório das Metrópoles que coordenou a mesa foi composta por Inaiá Carvalho, Gilberto Corso Pereira, Claudia Monteiro Fernandes, Juan Pedro Moreno Delgado, Graça Gondim Santos Pereira, Rafael de Aguiar Arantes, Carla Galvão Pereira.
DINÂMICA DE UMA METRÓPOLE PERIFÉRICA
A mesa proposta discutiu as transformações recentes da metrópole baiana e as suas perspectivas futuras. As reflexões partem das análises desenvolvidas sobre Salvador e sua Região Metropolitana pelo Núcleo Salvador do Observatório das Metrópoles em pesquisas e estudos anteriores.
Tais análises deixaram patente tanto a trajetória dessa região como a manutenção do seu caráter periférico e do seu padrão de inserção na economia brasileira, consolidando suas funções terciárias e persistindo como o grande polo estadual de comércio e serviços e um importante centro turístico nacional.
Os cenários possíveis para Salvador a médio e longo prazo dependerão da evolução de um conjunto de tendências e variáveis. A situação atual dos problemas legados – sociais, ambientais, moradia, infraestrutura, mobilidade, violência – pela Salvador do início do século XXI para a metrópole futura configura um quadro de difícil superação.
Devemos ressaltar que a solução ou a mitigação destes problemas, de modo geral, vai além da possibilidade da atuação política e institucional municipal e demanda formulação de políticas públicas articuladas em diferentes esferas de governo – municipal, estadual e federal – além de uma coordenação supramunicipal – metropolitana – na qual os municípios, de acordo com seu grau de integração, possam definir políticas urbanas e de uso e ordenamento do solo que enfrentem os problemas comuns. Ainda que o processo de planejamento urbano brasileiro, e sobretudo de gestão pública do uso do solo, seja em grande medida limitado ao território municipal, os problemas vivenciados pela população das grandes cidade metropolitanas não ficam restritos aos limites municipais.
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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2018
Com programação vasta e diversificada, o evento terá como território principal o Campus de Ondina, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), além de outros locais da capital baiana, como o Parque do Abaeté, em Itapuã, e o Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário da cidade. Segundo os organizadores, são esperadas cerca de 60 mil pessoas, de 120 países, reunidas para debater e definir novas alternativas e estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo, aos golpes e genocídios que diversos países enfrentam na atualidade.
Com mais de 1.500 coletivos, organizações e entidades cadastradas, e em torno de 1.300 atividades autogestionadas inscritas, o Fórum Social Mundial reunirá representantes de entidades de países como Canadá, Marrocos, Finlândia, França, Alemanha, Tunísia, Guiné, Senegal, além de países sul-americanos e representações nacionais.
Entre as presenças confirmadas estão a dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Fernando Lugo, do Paraguai, e José Mujica, do Uruguai. Também participarão o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, a militante indígena e pré-candidata à vice-presidência pelo Psol Sônia Guajajara, a presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM), Lorena Peña, e o filósofo do Congo Godefroid Ka Mana Kangudie.
Participarão ainda das atividades do FSM Abdellah Saaf, ex-ministro da Educação de Marrocos; Eda Duzgun, liderança das mulheres curdas; Sara Soujar, do Movimento de Combate ao Racismo e Xenofobia do Norte de Marrocos; Mamadou Sarr, militante da Mauritânia para defesa dos negros; e Gustave Massaih, membro fundador do movimento de Maio 68, na França, entre dezenas de outras lideranças e ativistas internacionais.
Assembleias,Tribunais e Marchas
Quarta 14
Pela manhã, será realizado o Tribunal contra os Despejos, na Faculdade de Arquitetura da UFBA.
Às 9h, ocorre o Tribunal Popular para Julgamento dos Crimes de Feminicídio contra as Mulheres Negras, no auditório do IFBA; à tarde, a partir das 14h, Marcha das Mulheres Contra o Racismo, com concentração no Largo do Campo Grande; no mesmo horário será realizada a Assembleia Mundial da Juventude, no Acampamento Intercontinental das Juventudes, que será montado no Parque de Exposições de Salvador.
Quinta 15
Às 17h, ato em Defesa da Democracia, no Estádio de Pituaçu, com as presenças dos ex-presidentes Lula, Dilma, Lugo (Paraguai) e Mujica (Uruguai).
Sexta 16
Assembleia Mundial dos Povos, Movimentos e Territórios em Resistência, às 14h, no Acampamento dos Povos Indígenas, no Centro Administrativo da Bahia
Sábado 17
Pela manhã, será realizada a Ágora dos Futuros, com a apresentação dos resultados das atividades do FSM, na Praça das Artes, campus de Ondina da UFBA.
Assembleia Mundial das Mulheres
Na manhã de sexta (16), a Assembleia Mundial das Mulheres será a única atividade na programação oficial do FSM, com possibilidade de acontecer no centro histórico de Salvador. A exclusividade tem como objetivo garantir que as mulheres com outras agendas políticas no Fórum estejam liberadas para debater questões de gênero, pautas feministas e lutas das mulheres, como a criminalização do aborto, o feminicídio, o combate contra a violência da mulher e o machismo, entres outras.
Acampamento Intercontinental da Juventude
Mais do que um alojamento, o acampamento da juventude é um local para debates e discussões políticas. Nesta edição, ocupará o Parque de Exposições Agropecuárias de Salvador, a partir deste domingo (11) até o próximo (18), com capacidade para receber cerca de 6 mil jovens. Atos, shows e assembleia farão parte das atividades do Acampamento Intercontinental da Juventude (AIJ), que terá ainda uma vila gastronômica da economia solidária, palcos para apresentações culturais e debates.
Sobre o Fórum Social Mundial
O Fórum Social Mundial é uma iniciativa da sociedade civil organizada, nascida em Porto Alegre, em 2001, para promover o encontro democrático, plural e de resistência com o objetivo de incentivar debates, aprofundar a reflexão coletiva, troca de experiências e a constituição de coalizões e de redes entre os movimentos da sociedade civil e organizações comunitárias que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do capital. O evento é realizado a cada dois anos. Nos intervalos, fóruns temáticos descentralizados e autônomos são realizados para dar seguimento às articulações e reflexões críticas nos diferentes países e regiões. O último foi realizado no Canadá, em 2016.