Áreas de ponderação no eixo do Túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, contam com os maiores índices de Bem-estar Urbano em termos de mobilidade.
Elaborado pelo Observatório das Metrópoles e publicado em livro homônimo em 2013, o Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) avalia as condições urbanas desfrutadas pelos habitantes das principais regiões metropolitanas do Brasil, auxiliando na formulação e implementação de políticas públicas. Aplicado à metrópole do Rio de Janeiro para o ano de 2010, o IBEU fluminense expõe grandes heterogeneidades entre o Rio de Janeiro e os demais municípios que compõem a região metropolitana.
Nessa amostragem, contida no livro Rio de Janeiro: Transformações na Ordem Urbana, aproximadamente 71% das áreas analisadas encontram-se em condição ruim ou muito ruim de bem-estar, atingindo 77% da população. Já as áreas consideras boas ou muito boas em relação ao IBEU contemplam apenas 2.751.537 pessoas num total de 11.872.164 habitantes na metrópole.
Tais regiões, segundo João Luis Silva Nery Jr. e Gustavo Henrique Pinto Costa, autores do capítulo dedicado a este tema, estão circunscritas ao núcleo do Rio de Janeiro, como a zona sul, Centro e parte da zona norte carioca.
Quando analisadas as variáveis individualmente, esse panorama geral se confirma com mais especificidade. No que se refere aos índices de mobilidade urbana da metrópoles, os melhores encontram-se em bairros do núcleo, como Copacabana (0,983), Humaitá (0,978) e Rio Comprido (0,9782), ao passo que os piores atingem porções periféricas da região metropolitana, como Japeri, Queimados, Belford Roxo e a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Quanto à avaliação das melhores condições habitacionais urbanas, o IBEU aponta bairros tradicionais do núcleo carioca, como Tijuca (0,985) e Flamengo (0,982), além da Barra da Tijuca (0,991), região que despontou como vetor de crescimento urbano na metrópole a partir dos anos 1980. No oposto, mais uma vez foram evidenciados municípios da região metropolitana, como Japeri (0,342), e bairros cariocas próximos a assentamentos informais como a Comunidade Rio das Pedras e Manguinhos.
O IBEU analisa ainda condições de infraestrutura urbana, condições ambientais urbanas e de atendimento de serviços coletivos urbanos. Todas essas avaliações específicas tendem a reforçar o caráter núcleo-periferia da metrópole no que tange à apropriação dos equipamentos e serviços urbanos a favor da parte mais rica do território em detrimento daquela menos privilegiada.
Os resultados do IBEU carioca também podem ser contextualizados com os capítulos temáticos contidos no livro Rio de Janeiro: Transformações na Ordem Urbana, que procura aprofundar a análise da organização social do território a partir não só desta ferramenta de estudo e pesquisa, mas também de uma série de outras abordagens que elucidam as mudanças urbanas na metrópole do Rio de Janeiro.
Visite o site dedicado à série Metrópoles: Transformações Urbanas para ter acesso ao conteúdo deste livro na íntegra.