O INCT Observatório das Metrópoles vem investigando os obstáculos políticos-institucionais que bloqueiam a construção da chamada governança nas metrópoles, instrumento fundamental para o enfrentamento dos desafios nacionais nelas concentrados. O instituto disponibiliza em formato eletrônico o livro “Cultura Política, Cidadania e Voto: desafios para a governança metropolitana”, coletânea que toma como base empírica diferentes pesquisas realizadas no âmbito do Observatório e coloca em debate a questão da “Nova Cultura Política”, nos artigos de Luiz Cesar Ribeiro, Orlando dos Santos Jr., Sérgio Azevedo e Manoel Villaverde Cabral.
A coletânea divide-se em três partes, tomando como base empírica diferentes pesquisas realizadas no âmbito do Observatório das Metrópoles. As duas primeiras são decorrentes de pesquisas de campo sobre “Cultura Política” nas metrópoles, iniciadas em 2006, e a terceira se refere às pesquisas realizadas a partir de 2010, sobre cidadania e voto nas metrópoles, com ênfase na chamada “geografia social dos votos”.
Nas duas primeiras seções do livro é apresentado o debate crítico sobre a chamada “Nova Cultura Política” (NCP) a partir da experiência brasileira. A difusão internacional da NCP capitaneada por Terry N. Clark e seus pares – que formam uma rede de pesquisa internacional – parte do pressuposto de que importantes mudanças nas culturas políticas encontram-se associadas ao processo de globalização.
Pelas análises dos autores que defendem esse enfoque, entre os quais se enquadra Manuel Villaverde Cabral, que participa desta coletânea, essa nova cultura política associaria valores pós-modernos, com ênfase na defesa dos diretos individuais, na maior tolerância para diferentes padrões de comportamento, na abertura para experimentação no plano individual, no menor grau de subordinação às normas preconizadas pelo Estado, normalmente acompanhadas de certa posição canônica ou ortodoxa, no nível de políticas econômicas.
Nesse sentido, pode-se dizer que, enquanto nas áreas mais urbanizadas, especialmente habitadas por setores homogêneos com maior capacidade de inserção social e econômica, especialmente para o segmento dos jovens adultos, tenderiam a prevalecer traços dessa cidadania pós-moderna. Nas demais áreas urbanas, em contraposição, tenderiam a priorizar os valores da cidadania clássica hegemônica do século passado, composta por suas dimensões jurídica, política e social e sua inerente fricção entre a dimensão civil (direitos individuais) e a cívica (direitos coletivos).
A terceira e última parte da coletânea tem por finalidade fornecer uma topografia exploratória sobre a geografia política das eleições legislativas no Brasil. Se o poder político se expressa e se exerce ao longo do espaço geográfico, o campo de estudos associado à geografia eleitoral deve constituir área de primeira relevância no campo da ciência política. Embora a área já ocupe esse lugar de centralidade no âmbito da comunidade acadêmica internacional, sobretudo nas universidades europeias, entre nós as investigações sobre geografia eleitoral ainda se mostram incipientes.
“Esperamos que os artigos aqui reunidos contribuam para a reflexão crítica e para a discussão em torno da cultura política, da cidadania e do fenômeno do voto nas metrópoles brasileiras, e ilumine novas pesquisas que possibilitem o aprofundamento de uma temática fundamental para a compreensão da realidade brasileira, em especial das condições para a reprodução das relações de dominação política e de sua superação na perspectiva do aprofundamento da dinâmica democrática”, explica o coordenador nacional do Observatório das Metrópoles, Luiz Cesar Ribeiro.
Para download da versão eletrônica (pdf) do livro “Cultura Política, Cidadania e Voto”, acesse aqui.