De que maneira a política do setor privado está transformando a governança metropolitana? A hipótese inicial é de que as novas elites globais privadas estão, cada vez mais, dependentes dos gastos sociais; e, em decorrência, passam a influenciar as estruturas regulatórias dos estados. Esse é o ponto de partida do projeto “Estado, Grandes Firmas e Governança para o Desenvolvimento Metropolitano”, que está sendo realizado por um grupo de institutos de pesquisas em cidades como Paris, Londres, Roma, Istambul, Bombaim e Pequim. O Observatório das Metrópoles contribui com a investigação a partir da análise do contexto brasileiro no Rio de Janeiro – no qual grandes empresas atuam nos preparativos dos megaeventos esportivos.
Coordenado por Christian Lefèvre, da Université Paris-Est Marne La Vallée, o projeto “Estado, Grandes Firmas e Governança para o Desenvolvimento Metropolitano” busca compreender a evolução da produção de estratégias e políticas que lidam com o desenvolvimento urbano na escala metropolitana. Para isso, estão sendo investigados vários tipos de políticas e atividades: desenvolvimento econômico, infraestrutura, a elaboração de documentos de planejamento e na elaboração e produção de arranjos de governança. Sendo que o foco do projeto será os agentes econômicos, nomeadamente as grandes firmas.
Da Cidade à Metrópole: os desafios da governança
O livro “De la Ville à la Métropole. Les défis de la gouvernance” (Christian Lefèbvre, Nathalie Roseau e Tommaso Vitale) analisa a difícil emergência da escala metropolitana na ação coletiva e na representação do fenômeno urbano. E destaca os desafios e barreiras à construção de uma governança metropolitana entendida em uma concepção larga e plural ultrapassando os campos institucionais e técnicos.
Para avançar no debate metropolitano, o livro desenvolve uma perspectiva internacional e comparativa, investigando também as metrópoles do Norte e do Sul. Seja as desigualdades socioterritoriais, a degradação das condições de vida e do ambiente, os freios da democracia e os sistemas de capacidade geralmente baixos de atores para dominar o desenvolvimento econômico, as cidades precisam aprender umas com as outras.
Cruzando experimentos, as metrópoles, globalizada e localizada, são aprofundadas por três prismas de análise: em primeiro lugar, o lugar dos atores e da sociedade civil na produção urbana; em seguida, o papel das políticas e projetos na fábrica da cidade, e, finalmente, a influência de estratégias para o desenvolvimento econômico e cultural de inclusão social.