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O Observatório das Metrópoles Núcleo Maringá lançou recentemente uma coleção de livros que analisa a estrutura social de cada um dos 26 municípios integrantes da Região Metropolitana de Maringá (RMM), como parte do projeto “O Direito à Cidade na Região Metropolitana de Maringá: regimes urbanos e governança dos municípios metropolitanos”.

Sob a coordenação de Ana Lucia Rodrigues, coordenadora do Núcleo Maringá até junho desse ano (atualmente William Borges é o coordenador), a publicação faz parte da pesquisa que trata das mudanças e permanências ocorridas nas duas últimas décadas (1991 a 2000 e 2000 a 2010) sobre a estrutura social dos municípios que compõem a RMM.

Para isso, identifica e analisa o padrão de organização social do território de cada município, por meio de diversos indicadores. Os pressupostos do debate partem do atual modelo nacional de desenvolvimento econômico para identificar qual a inserção deste município na Região e se ele está ou não integrado ao município polo. Assim, são identificadas, por meio da construção de uma tipologia sócio-ocupacional, as mudanças ou permanências no padrão de organização social do território municipal, com a finalidade de compor uma análise da estrutura social metropolitana da região de Maringá.

Em 2020, o Núcleo Maringá completou 15 nos de existência e um dos primeiros trabalhos publicados foi o “Como Anda a RMM”, em 2008, quando a Região Metropolitana tinha 13 municípios – atualmente são 26. O projeto “O Direito à Cidade na Região Metropolitana  de Maringá: regimes urbanos e governança dos municípios metropolitanos”, que possibilitou esta publicação, é resultado do Termo de Cooperação nº 184/2018 firmado entre a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com recursos do Fundo Paraná.

Confira a introdução da coleção:

A estrutura social do território da Região Metropolitana de Maringá (RMM) resulta do modelo de urbanização centro-periferia que decresce neste sentido em qualidade de infraestrutura urbanística e renda dos moradores. Esse padrão caracterizou o desenvolvimento urbano brasileiro ao longo do século XX, quando as cidades surgiram e cresceram formando periferias intra e intermunicipais marcadas por precária infraestrutura, por menor preço imobiliário e, por isso, destinadas aos moradores de baixa renda, para os quais esses espaços restavam como as únicas opções de habitação. Esse é o modelo brasileiro de desenvolvimento da cidade capitalista e nele a segregação da moradia, segundo as condições de renda dos adquirentes, é condição sine qua non, pois tal processo replica no território urbano a segmentação social própria de uma sociedade estratificada e desigual.

Os pressupostos adotados aqui admitem que o território reproduz a diferenciação social predominante no capitalismo ou, com mais exatidão, que o território é um fator fundamental para a reprodução desse sistema. A organização socioespacial da dinâmica municipal e metropolitana, assim como a nacional, resulta de três processos distintos: primeiramente, da própria diferenciação entre pobres e ricos, inerente à estrutura capitalista; em segundo lugar, da segmentação pelo critério do acesso a bens e serviços conforme a condição econômica; e, por fim, da segregação, o perverso processo que consolida espaços distintivos no território com a única finalidade de operacionalizar a produção da mais-valia imobiliária. Ou seja, a segregação socioespacial é o mecanismo que assegura a mercantilização do solo urbano, pois outorga legitimidade para o alto valor imobiliário de uma área na cidade, dotada de componentes infra estruturais sociais e urbanos completos, em relação a outras áreas carentes dos mesmos elementos. 

Os livros estão disponíveis para download e podem ser acessados em: www.observatoriodasmetropolesmaringa.com/como-anda-2020