A tese “Produção do espaço e periferização na metrópole: uma análise a partir do mercado formal de moradia popular em Fazenda Rio Grande/PR”, de Patricia Baliski, apresenta uma análise da produção da moradia popular ofertada pelo mercado em Fazenda Rio Grande, porção sul da metrópole de Curitiba, nas últimas quatro décadas.
A pesquisa buscou compreender como a expansão periférica implica na produção e estruturação do espaço metropolitano e se relaciona com a reprodução do capital imobiliário na metrópole. Dentre as conclusões, a trabalho constatou que a produção de moradias em Fazenda Rio Grande é orientada pelo mercado e há diversos casos de loteamentos aprovados com irregularidades, ou ainda ampliações de perímetro urbano ou desapropriações, que beneficiaram incorporadores.
Defendida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a tese foi orientada por Olga Lucia Castreghini de Freitas Firkowski, pesquisadora do Observatório das Metrópoles Núcleo Curitiba.
Confira a apresentação dos principais pontos do trabalho:
A que pergunta a sua pesquisa responde?
Como a periferia, em especial a formada pela moradia popular, se insere nos processos de produção do espaço e reprodução do capital imobiliário na metrópole de Curitiba e de que modo isto altera a espacialidade metropolitana?
Por que isso é relevante?
A pesquisa busca chamar a atenção para as contradições que emergem da imbricação dos processos de produção do espaço e reprodução do capital imobiliário na expansão da metrópole, sobretudo na implantação de empreendimentos residenciais populares pelo mercado. Além disso, evidencia um aspecto da metropolização nem sempre considerado em análises sobre o tema, sua indissociabilidade da periferização, sobretudo em realidades desiguais.
Qual o resumo da pesquisa?
A pesquisa analisou a produção da moradia popular ofertada pelo mercado formal em Fazenda Rio Grande, porção sul da metrópole de Curitiba, nas últimas quatro décadas. Buscou-se compreender como a expansão periférica implica na produção e estruturação do espaço metropolitano e se relaciona com a reprodução do capital imobiliário na metrópole. Para tanto, utilizaram-se dados secundários e foram realizadas entrevistas com moradores, empresários, políticos e servidores. Os resultados obtidos evidenciaram a relevância do mercado formal para a expansão periférica nessa parte da metrópole, distinguindo-a de outras em que os espaços informais de moradia conduzem o processo. No caso analisado, a periferia se coloca como oportunidade de negócios, através da exploração de um nicho específico, a moradia popular, sobretudo para capitais locais/regionais. Por fim, o desenvolvimento da pesquisa corroborou a tese de que a produção formal da moradia popular periférica é condição, meio e resultado da contínua produção desigual do espaço metropolitano pautada nos interesses capitalistas, revelando o papel de Fazenda Rio Grande na estruturação da metrópole.
Quais foram as conclusões?
A pesquisa constatou que a produção de moradias, em Fazenda Rio Grande, há décadas é orientada pelo mercado. Ainda que se tenha identificado uma grande quantidade de empresários, verificou-se que a produção do espaço se concentra em torno de poucas empresas, as quais se beneficiaram do incentivo e conivência de certas gestões municipais. Não foram raros os casos de loteamentos aprovados com irregularidades ou ainda ampliações de perímetro urbano ou desapropriações que beneficiaram incorporadores. Isso favoreceu a conformação de uma realidade marcada pela precariedade e uma série de problemas de infraestrutura e carência de serviços essenciais. A isso se somam os inúmeros condomínios construídos nos últimos anos, decorrentes do PMCMV. Por mais que os empreendimentos tenham propiciado o acesso à moradia, têm ampliado a expansão periférica metropolitana, com todas as suas carências, evidenciando as contradições que emergem da relação entre produção do espaço e reprodução do capital.
Quem deveria conhecer seus resultados?
Compreende-se que a pesquisa possa ser divulgada a dois grandes grupos. Em primeiro, aqueles que vivem cotidianamente a realidade analisada. Nesse sentido, são moradores, servidores públicos, políticos e empresários que moram/trabalham em Fazenda Rio Grande. Muitos fatores que podem explicar a realidade existente não são conhecidos por grande parte da população. Em segundo, são os que se interessam sobre o tema, tais como pesquisadores, movimentos sociais de luta por moradia, estudantes, etc.
Confira o trabalho completo, CLIQUE AQUI.