A Cidade na encruzilhada: repensar a cidade e sua política
A cidade é palco, cenário e ator de grande parte dos nossos atuais dilemas e possibilidades. A maioria das cidades é hoje meta ou mesmo hipercidades, estendidas as suas influências por vastos territórios relacionais e pelas mais variadas escalas de quotidianos. Em seu livro “A Cidade na encruzilhada: repensar a cidade e sua política”, João Seixas nos propõe uma ampla reflexão em torno da cidade contemporânea e das suas formas de governança e de cidadania. O Observatório das Metrópoles disponibiliza em formato eletrônico o livro de Seixas para os leitores brasileiros.
João Seixas é geógrafo e economista. Trabalha há cerca de vinte anos em torno das cidades, das suas energias e paradoxos. Investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, professor convidado em Barcelona e no Rio de Janeiro, com várias publicações nacionais e internacionais. Doutorado em Geografia Urbana na Universidade Autónoma de Barcelona e mestre em Urban and Regional Planning na London School of Economics and Political Science. Foi comissário da Carta Estratégica de Lisboa. Tem sido coordenador de diversos projetos de desenvolvimento e de regeneração urbana. É cronista do jornal Público e associado da Livraria Ler Devagar.
Seixas coordena ainda a cooperação internacional sobre estudos de governança metropolitana Portugal-Brasil com o INCT Observatório das Metrópoles. Em agosto de 2012 o instituto brasileiro em cooperação com o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa lançou o relatório “A Governança Metropolitana da Europa”, propondo uma tipologia da evolução política metropolitana das grandes cidades europeias, bem como uma reflexão conjunta dos seus projetos sociopolíticos metropolitanos.
“A cidade encontra-se numa encruzilhada. É palco, cenário e actor de grande parte dos nossos actuais dilemas e possibilidades. A maioria das cidades são hoje meta ou mesmo hipercidades, estendidas as suas influências por vastos territórios relacionais e pelas mais variadas escalas de quotidianos, de sofrimentos e de expressões cívicas. Em formas muito mais complexas – mas também muito mais fascinantes – de as compreender e governar; muito para além de velhas muralhas ou divisões administrativas; de estruturas políticas e socioprofissionais corporativas; de lógicas de governação baseadas em simples determinismos, sectorialismos ou relações directas de causa-efeito. Por entre os vieses da democracia e as dúvidas do progresso, novas e magníficas oportunidades – de desenvolvimento, de justiça e de inclusão, de qualidade de vida, de realização cívica – se irão formar e expandir. Como as apoiar e consolidar? Com inteligência, estratégia e compromisso. Defendendo princípios sólidos, como o direito à cidade, ao habitat, à mobilidade; à inclusão social, ao consumo sustentável, ao empreendedorismo local; à participação. E a uma cidadania activa, responsável e atenta. Inteligência global, decerto, mas muita inteligência local. Inteligência urbana, portanto. Como escreveu Jorge Luís Borges, «a cidade impõe-nos o terrível dever da esperança”.(João Seixas)
“A cidade na encruzilhada”
Do prefácio da professora Isabel Guerra
Este livro de João Seixas estrutura uma ampla reflexão em torno da cidade contemporânea e das suas formas de governança e de cidadania. O autor é um pesquisador na capital do país e ao escrever tem presente os desafios que emergem nas metrópoles dos países desenvolvidos, e muito particularmente as formas de governança destes espaços. Na sequência desta reflexão, João Seixas estrutura o texto a partir de quatro grandes dimensões: i) o que está a acontecer às cidades e que problemas e desafios/encruzilhadas se colocam (capítulos 1, 2); ii) quais os atores que fazem a cidade e como interagem (capítulos 3 e 4); iii) como modernizar a política da cidade (capítulos 5 e 6); e finaliza com iv) uma análise crítica e propositiva dos sistemas e ambientes de governança de Lisboa e propostas para uma mais eficaz e estratégica regeneração urbana suportada em princípios e dinâmicas democráticas (capítulos 7 e 8).
Sendo um texto de grande erudição, apoiado numa vastíssima e atual bibliografia, é um trabalho sobretudo de índole programática, estando bem alicerçado quer no conhecimento da realidade nacional quer na realidade internacional. A tese central assenta na defesa de que uma cidade moderna, local de desenvolvimento, de expressão democrática e socialmente coesa, é o objetivo último da governança urbana. Esta tese emerge articulada com alguns pressupostos epistemológicos que estruturam todo o livro. Primeiro, o entendimento da cidade, antes de tudo, como “relação” ou como “construção social”, ou seja, como resultado dinâmico de um conjunto de atores e da negociação de interesses diversos. Em segundo lugar, um entendimento da cidade como processo espacial, dando um peso claro à análise empírica real das configurações urbanísticas e arquitectônicas que dão especificidade ao discurso sobre o espaço urbano. E, finalmente, a defesa da conjugação da teoria com a empiria na edificação de novas políticas públicas.
Defendendo a cidade como uma estrutura humana e espacial, essencial ao desenvolvimento socioeconômico e cultural de uma sociedade, considera-se que está numa encruzilhada, ou seja, estão em larga medida por conhecer as suas dinâmicas contradições e paradoxos e falta a capacidade para traduzir esse conhecimento em programas urbanos concretos e viáveis. Sendo a cidade um sistema complexo, o aprofundamento das suas dinâmicas mais significativas e estruturantes – nomeadamente as que referenciam a relação entre competitividade, coesão e sustentabilidade – merecem um aprofundamento à luz da situação atual.
Faça no link a seguir o download do livro “A Cidade na Encruzilhada: repensar a cidade e sua política”.